Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Por Cecília Meireles

Cecília Meireles
Recolhida, tímida, deslumbrada, me debruçava no mistério das palavras e do mundo. Queria saber, mas tinha imenso pudor de confessar minha ignorância.

Amar _Drummond


Que pode uma criatura senão entre criaturas, amar?
Amar e esquecer?
Amar e malamar
Amar, desamar e amar
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
Sozinho, em rotação universal,
se não rodar também, e amar?
Amar o que o mar trás a praia,
O que ele sepulta, e o que, na brisa marinha
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amor inóspito, o áspero
Um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte,
e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este é o nosso destino:
amor sem conta, distribuído pelas coisas
pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor
Amar a nossa mesma falta de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito e a sede infinita.

O Grande Dragão By Johnny Souza


Os humanos, além de diplomatas e muito inteligentes, são muito ambiciosos. Sempre buscando conforto e glória, achando que podem escolher o mundo que irão viver, fazendo regras em que um dia não irão se arrepender.
Um dia, a cidade inteira foi ao encontro do Rei Varian Wrynn, todos pedindo que o rei fizesse alguma coisa para conter os ataques dos Ogros, os monstruosos Orcs.
A cidade StormWind, é uma cidade vigorosa, embora nos últimos tempos vem sofrendo ataques terríveis. O exército do rei já não era o suficiente para conter tantos ataques, porque toda vez que um soldado era morto por Ogros, renascia como renegado, aliados dos Ogros mais velhos, e o povo de Storm não sabia desta crença, desta maldição aos jovens que se alistavam para a guerra.
O povo não entendia o porque dos soldados não retornarem das batalhas, achavam que os soldados eram aprisionados na bastilha Orquica e que o rei não queria resgatá-los.
Varian após o último ataque, não podia mais ser chamado de rei, foi preso por não ter a capacidade de proteger seu povo. O chefe da guarda pela manhã perguntou a Varian:
- Meu amigo, você não acha que poderia ter feito mais pelo seu povo?
- Um dia, usarei toda a minha força para protege-los, inclusive você, velho amigo. Respondia Varian.
Quando chegou o dia da execução do rei, ele caminhava lentamente para a forca, quando o capitão da guarda novamente perguntou:
- Você não acha que poderia ter feito mais pelo seu povo?
E Varian outra vez respondeu. Um dia, usarei toda a minha força para protege-los, inclusive você, velho amigo.
De repente uma grande explosão tomou conta de uma parte da cidade. Os guardas levaram o rei para a cela novamente e foram averiguar o ocorrido.
Era um grande dragão, com cortes por todo o corpo, com várias placas de metal sobre a pele, assim como no queixo, e seu corpo era quente como lava. Incendiava a floresta e destruía as casas, e estava indo em direção ao castelo. E quando estava preste a atacar o capitão, um grande dragão azul ataca o dragão vermelho, afastando-o para longe e assim protegendo toda a StormWind. Depois deste conflito, o grande dragão azul, fala ao povo:
- Hoje usei toda minha força para protege-los! - E voou para longe.
O capitão olhou para a prisão, viu destruída e desmaiou...


Amigas?!


2014, um ano inovador e cheio de surpresas... Tem-se cumprido esta frase em meus dias. Tenho amigas igual a pote de vitamina, de A a Z. A vitamina te faz bem, é boa até para os ossos, mais amiga... Nem sempre é o melhor remédio. A gente acha que conhece as pessoas, estamos tão enganados! E acho que realmente não estamos prontos para perdas, seja ela qual for. Perdi uma pessoa querida, não de morte morrida ou matada, perdi instantaneamente... Anos de momentos bons e de repente, que nem miojo preparado em noite de sábado, ela se foi... Mentalmente. 

O pior da história toda, de nossas vidas, é que não fizemos nada uma a outra, apenas paguei um preço, por ser amiga também de outras pessoas, e estas outras pessoas que hoje não são mais amigas dela, da amiga que mentalmente perdi. Como não ficar triste? Tenho amigas que conquistei e que fazem 20, 10 anos de convívio, não dia-a-dia mais, porque sou uma eterna andarilha, ainda bem que o poder da tecnologia me abraça firmemente, mais eu as tenho e cumpro meu dever de amiga, sempre. Outras amigas conquistei tem pouco tempo, 03...04 anos...E mesmo não podendo nos ver sempre, sempre que podemos tomamos um café, trocamos mensagens no Whatsapp ou fotos pelo Facebook, mais eu as tenho e com muito carinho preservo-as. 

Então, esta amiga que se distanciou de mim, era uma dessas de 03 anos, trocávamos figurinhas e tricotávamos e sempre numa oportunidade nos víamos pessoalmente e era legal, embora um errinho aqui e outro ali, era legal, risadas eram certas... Nunca tinha perdido uma pessoa desta forma, sem explicação ou justificativas... Sem adeus ou um por quê para tal situação. Por que me sinto triste? Sempre achei que poderíamos mudar as coisas, acertar os erros, dar ideias as coisas desajustadas... Percebi que não, não somos aptos para tais coisas, acho que não deveríamos investir tanto, porque a dor é muita, mesmo sabendo que apenas alguns quilômetros nos separam, sinto em nossa mente este espaço é muito maior, é uma lacuna eterna, um abismo de interrogações! 

E o abismo é escuro, e seus ecos apavoram, trazem à tona lágrimas tristes e pensamentos menores... Mais aprendi também, nesta vida de labuta diária, que devemos continuar, outros momentos surgem, outros amigos são conquistados e outras lembranças preenchem espaços mortos. Perdoo este episódio em minha vida, perdoo a amiga que se foi, se não me olhou nos olhos ou não aceitou uma xícara de café e um proseado, mesmo que poético, não valia à pena. 

Sei esquecer quem me fez mal, mais jamais esqueço quem realmente me faz bem, e hoje me sinto tão acalentada, que nem preciso dos meus amigos irreais, os poucos reais me bastam! Remediada estou.


Solidão


A solidão ainda é fria, sinto esta velha amiga tão ardente dentro de mim. As paredes da casa vazias me envolvem, e abasteço-me de tragos do passado e singelos goles de lembranças, todas elas... E eu que achava que o amor fazia parte de mim, me enganei profundamente, novamente. Então embriago-me, mesmo sem vinho bom, apenas um teatro febril com a taça vazia na mão. 

Estou presa no calabouço das minhas delícias, dos pesadelos que sempre consumiram a minh’alma; e ela grita... Grita em tons agudos, atordoando-me. Ficarei presa no meu próprio conto de fada? Estou presa na história de princesa que um dia me deleitei, e não há príncipe e nem sapo. Palavras malditas estão presas na garganta, feto nó apertado... A solidão é capaz de coisas assim, estúpidas... Entra de mansinho e depois não quer ir embora. E quando vai, nem adeus ou um aceno bobo, somente deixa marcas, sofreguidão e desespero. 

Queria um basta! Desejo poder dormir tranquila, desejo olhar-me no espelho sem um olhar triste e amargo. Desejo não sentir este desamor que nutri minha agonia. Desejo não sentir este dessabor suave e gentil. O monstro sombrio que adormecia dentro de mim acordou e sente fome, sente sede. Sente raiva também! Tentei dobrar meus desejos, e redobrar meu amor, feito origami... Até tentei ajustes e prumos para salvar o que já havia se perdido, e papel quando amassado uma vez, nunca mais se torna igual. 

“A criação e a destruição são processos interdependentes, existe uma ausência de vida na escuridão da terra que recebe os mortos, mas também é a terra escura que abriga e promove o desabrochar das sementes, que renascem - assim como os mortos nela enterrados - para uma Nova Vida”. A minha solidão ainda é imatura, e aguardo tranquilamente que nos tornemos verdadeiras. E espero ansiosamente que ela me torne uma outra pessoa, que me torne artista, e com esta terapia tão lúcida entre nós, que eu me torne muito mais que meros rascunhos e rabiscos tolos. 

Quero ser guerreira e engajar com avidez no meu melhor combate, nesta deliciosa guerra que é o viver. Apesar de querer tanto lutar na guerra, queria mesmo, somente paz. Não paz de hastear uma bandeira... Queria não ter dentro de mim estas coisas todas que sinto agora. Este turbilhão de coisas inúteis em minha volta, estas gargalhadas falsas. 

Quero colo! “Sou uma gota d’água, sou um grão de areia”
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