Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

A Dança e Eu


Falar algo de mim?! De algum episódio que marcou na minha vida ou simplesmente o que há de tão simples dentro de mim... Minhas vastas palavras são geradas em torno de outras pessoas, de sonhos repentinos na madrugada, sobre um assunto prolongado numa conversa na lanchonete, ou ideias que vem repetidas em minha mente. 

Oh! Somos o que somos ou apenas o que nos tornamos ao longo do tempo, dos meros instantes. Somos movidos e moldados em momentos únicos e eles se tornam lembranças, estas nós guardamos no baú das nossas delícias. O meu baú está trancado, com todas as incertezas e medos, rascunhos coloridos e muitas palavras de amor. Embora eu não saiba muito sobre o amor, mais eu o sinto constantemente. 

Procuramos um equilíbrio mental nesta vida, e após uma breve tempestade, ficamos a deriva... Uns priorizam uma viagem fora do país, outros se equilibram em doses de tequila e tem os que pintam quadros...Eu procurei dançar. Achando que uns passos para cá e para lá iriam mudar o rumo da minha vida, fortalecer meu lado físico, nutrir-me mentalmente. 

Me enganei. Foi muito mais que isso. Aparecem pessoas em nossas vidas, de repente nos vemos obrigados a sorrir, a fingir que está tudo bem, mais quando pisei a primeira vez na sala de dança, tive de ser verdadeira e meu sorriso saiu sem querer. A sala iluminada, a música que tocava soava mansa …. E fui adentrando naquela cena, feito tomada iniciada num set de TV. 

Conheci Diogo Couto, o professor de dança, um grande dançarino, uma pessoa carinhosamente verdadeira, único. Para ele não importao nosso status, cor de pele ou religião, ele tem um cuidado extraordinário com cada um de seus alunos e eu fui contemplada nesta estância, e me tornei parte desta família. Eu procurada equilíbrio e encontrei paz. Procurada um instante novo para meu baú e encontrei uma eternidade de coisas … Infinitas... E descobri que ser livre faz parte de mim. Somos conduzidos nos passos frenéticos de um lado para o outro, e se fecharmos os olhos, somos apenas um, indo em busca do mesmo objetivo. 

Assim é um par quando se dança! E agora já não sou mais ímpar, já não posso mais voltar, tenho de continuar nesta andança magnífica de bailados e ….

Mãos sobem, ponta dos pés... Panturrilha arde... E o prazer vem depois de tudo isto sentido, como se formássemos asas para lançar voo. Eu mudei. Dançar faz sentir a vida e que ela vale a pena. Me faz querer o dia segunte, e culpo Diogo por isto, sem estas sensações já não poderei ficar. E o que me sufocava já não lembro. Sinto que meu barco já não está a deriva, me sinto segura nele, em terra firme já não poderei atracar, o cais já não me pertence. 

Cada aula que vou, me renovo, colo um caco em mim, e tenho me sentido inteira e deliciosamente feliz. Algo que marcou pra mim? Muitas são as coisas que me cercam e que me talham, mais dançar realmente é minha tatuagem, e nem o tempo há de apagar. Diogo me acalentou no momento em que eu mais precisava e agora poderei seguir de uma maneira diferente, uma New Dance. Porque 

“...Me leva onde quero ir...”

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