...
Nem sempre sou assim tão triste e
acho que “A tristeza é a pior coisa que existe”.
Hoje resolvi então compor um
samba...
”É preciso um bocado de tristeza”,
como já dizia o mestre.
E a tristeza grita tão
desencadeada aqui dentro do peito, sem pudor,
sem melodia certa ou letra
correta, tampouco rimas exatas,
porque é assim mesmo que se faz
música e bem assim mesmo poesia.
Apesar desta mulher silenciosa
aqui dentro, de manhãs incertas.
Se não fosse por aquela borboleta
colorida em dias estranhos,
esta fêmea encabulada que mora em mim já tinha
partido, estaria morta,
estaria sendo lembrada numa
canção morna.
Nem sempre meus dias são
realmente dias.
Meu passado está pronto no
refrão, as experiências,
tolices pobres que me compõe inteiramente.
O suficiente está no papel, o que
sobra, estes restantes de mim,
as marcas impagáveis, agora são
lembranças, meras cicatrizes,
e também um simples doce, um doce
suave na boca,
sabor que não pode mais ser
tragado.
Completo meu voo, nestas
incógnitas construídas por mim mesma,
me jogo no calabouço das
mentiras,
das minhas próprias mentiras e
viro notícia, sucesso absoluto,
reflexiva nos corpos juvenis que
rebolam sem vergonha alguma por aí
nos bailes de máscaras.
A borboleta hoje cedo não veio me
ver.
Estou nela, com lindas asas
transparentes.
Meu samba? Deixo aí em algum dia
incomum,
sussurrando na varanda de mais um
corpo aflito,
de mais um pensamento absurdo e
frenético.
Uma poesia não terminada.
Onde estou poderei recomeçar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário