Na manhã de
domingo do dia dos pais, eu estava meio confusa e carente. Parei a pensar o que
seria este dia pra mim, as intenções dele e como este marcaria mais um ano em
minha vida. Quando nasci “há dez mil anos atrás”, meu pai não estava lá e
quando cheguei em meu novo lar, estava a minha espera a Sol e me apanhou em
seus braços miúdos.
O tempo foi
passando, ela me ajudava quando eu tentava dar meus primeiros passos, colocava
a chupeta em minha boca. Meu genitor me ensinou jogar sueca, tragar cigarro e
beber caracu, fora aquele futebol nos fins de semana, era legal, a pior parte
era colocar o uniforme do Botafogo, time preferido dele não o meu.
Enquanto a Sol
ensinava a me vestir, pentear e me levava para brincar na rua, brincadeiras de criança,
pique pega, bandeira...E final do dia sempre em volta da fogueira com belas
cantigas de roda.
Na minha
pré-adolescência, eu viajava, embora com amigos mais adultos, eu ia e muito
feliz, ouvia as melhores músicas de grandes artistas, lias bons livros que ela
emprestava. Tinha deveres da escola, trabalhos e as dicas quando eu tinha de
passear com outras pessoas.
Na minha
rebeldia de adolescente, a Sol estava lá, eu levava bons cascudos na cabeça, e
ela sempre me explicava o porque de eu não poder fazer tais coisas e mesmo
quando eu as fazia e por fim chorava, lá estava novamente a Sol, com seu ombro,
seu carinho.
Na minha
formatura ela tirou lindas fotos, quando eu fui mãe a primeira vez, ela me
apareceu na maternidade e perguntou se eu estava bem e sorrimos juntas. Quando
eu fui mãe pela segunda vez, ela estava lá novamente, de novo nos olhamos
profundamente, ela estava para certificar se tudo corria bem, fazendo seu papel
de avô.
Meus recitais,
minha dança nos melhores palcos, nas minhas belas coreografias nas tantas
bandas que trabalhei e viagens que fiz, ela não pode, sei que não, em outros
momentos piores e melhores esteve, pode ter certeza que sim, não nos que sorri,
mas no que chorei ela não faltou.
Espero que
todos tenham comprado um bom presente para o papai ou simplesmente que
estiveram em casa, fazendo companhia ao homem que muda nossas vidas. Eu não
pude dar cuecas, meias ou uma caixa de lenço, a Sol não iria gostar.
Mas,
dentro de mim tenho o melhor presente, as lembranças, as recordações, as
saudades e isto sei que não tem preço, não tem folha de presente que cubra.
Seria difícil descrever todos os momentos em que ela esteve presente em minha
vida e até nos dias de hoje, eu já adulta, ela ame cobre com o seu perfil, como
professora, literária, mãe e amiga.
Seria minha
irmã meu pai?
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