Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Passeio de trem de Curitiba para Morretes no Paraná 2013.















A construção da ferrovia começou oficialmente em fevereiro de 1880. Considerada impraticável por inúmeros engenheiros europeus à época. Em seus cento e dez quilômetros de extensão, a ferrovia guarda centenas de obras de arte da engenharia: são 13 túneis ativos e 1 desativado, 30 pontes e inúmeros viadutos de grande vão. Destacam-se a Ponte São João, com 55 metros de altura, e o Viaduto do Carvalho, que liga os túneis 4 e 5, assentado sobre cinco pilares de alvenaria na encosta da rocha - a passagem por esse trecho provoca a sensação de uma viagem pelo ar, como se o trem estivesse flutuando. Foi a primeira obra com essas características a ser construída no mundo.

Leia mais: http://serraverdeexpress.com.br/serra/historico

Filme --> Amor além da vida


Sinopse


Chris Nielsen (Robin Williams), Annie (Annabella Sciorra), sua esposa, e os filhos do casal fazem uma família feliz. Mas os jovens morrem em um acidente e o casal é bastante afetado, principalmente Annie. No entanto, eles superam a morte dos filhos e conseguem levar suas vidas adiante, mas quatro anos depois é a vez de Chris morrer em um acidente e ser mandado para o Paraíso. Mas não um Céu com arcanjos e harpas, pois lá cada um tem um universo particular e o dele é uma pintura (sua mulher coordenava uma galeria de arte). Enquanto tenta entender o Paraíso, onde tudo pode acontecer, bastando que apenas deseje realmente, Chris fica sabendo que Annie, dominada pela dor, comete suicídio. Assim, ele nunca poderá encontrá-la, pois os suicidas são mandados para outro lugar. Mesmo assim decide tentar achá-la, apesar de ser avisado que mesmo que a encontre, ela nunca o reconhecerá.

Referência: O título do longa foi retirado do terceiro ato da peça "Hamlet", de William Shakespeare.




Prêmios: OSCAR
1999
Ganhou
Melhores Efeitos Visuais

Indicado
Melhor Direção de Arte

Clássico: Na cena em que Chris vai para a cidade no Paraíso, onde as pessoas estão voando, podem ser vistos Peter Pan, Wendy, Michael, John e Mary Poppins.


Oração da maçaneta




Não há mais bela música
que o ruido da maçaneta da porta
quando meu filho volta para casa.


Volta da rua, da vasta noite,
da madrugada de estranhas vozes,
e o ruido da maçaneta
e o gemer do trinco,
o bater da porta que novamente se fecha,
o tilintar inconfundível do molho de chaves
são um doce acalanto,
uma suave cantiga de ninar.

Só assim fecho os olhos,
posso afinal dormir e descansar.

Oh! a longa espera,
a negra ausência,
as histórias de acidentes e assaltos
que só a noite como ninguém sabe contar!

Oh! os presságios e os pesadelos,
o eco dos passos nas calçadas,
a voz dos bêbados na rua
e o longo apito do guarda
medindo a madrugada,
e os cães uivando na distância
e o grito lancinante da ambulância!

E o coração descompassado a pressentir
e a martelar
na arritmia do relógio do meu quarto
esquadrinhando a noite e seus mistérios

Nisso, na sala que se cala, estala
a gargalhada jovem
da maçaneta que canta
a festiva cantiga do retorno.
E sua voz engole a noite imensa
com todos os ruídos secundários.
-Oh! os címbalos do trinco
e os clarins da porta que se escancara
e os guizos das muitas chaves que se abraçam
e o festival dos passos que ganham a escada!
Nem as vozes da orquestra
e o tilintar de copos
e a mansa canção da chuva no telhado
podem sequer se comparar
ao som da maçaneta que sorri
quando meu filho volta.

Que ele retorne sempre são e salvo,
marinheiro depois da tempestade
a sorrir e a cantar.
E que na porta a maçaneta cante
a festiva canção do seu retorno
que soa para mim
como suave cantiga de ninar.

Só assim, só assim meu coração se aquieta,
posso afinal dormir e descansar.


* Gioia Júnior

Ser Humano_Parte 6




“No final do dia, tudo que queremos é nos sentir bem. E seja um beijo longo e molhado durante a noite ou uma agulha no braço, isso irá te atormentar até que consiga... Até que permita se sentir bem de novo. E não há sensação melhor no mundo do que ceder a seu monstro interior. 
Cada monstro tem sua própria versão de um vício. E parte da sua natureza. Precisamos de sangue, da força, do poder. Mas a maldição de cada um com desejos obscuros é que quando deixamos tais desejos tomarem conta, alguma outra pessoa paga o preço”. 
Lembrei-me da fábula do lobo... A batalha entre dois ‘lobos' que vivem dentro de todos nós, o bom e o mal e vence aquele que alimentamos. Cada monstro tem uma versão, um jeito estranho de dominar. Não percebemos quando acontece este domínio, e mesmo tendo tantos anjos em nossa volta para nos ajudar, pessoas amadas por nós, não ligamos e sempre alimentamos demais o lobo errado, este monstro embutido por dentro de todos nós. Que lobo você prefere alimentar melhor? 
“Até na batalha mais desesperançosa, há um momento em que a maré pode mudar. Os suprimentos são suficientes... Reforços aparecem no topo da montanha. Onde não havia possibilidade de resgate... Uma maneira se apresenta... Mas, quando a ajuda finalmente chega... Ela veio para você ou para o inimigo?”. Estejamos então sempre em alerta a chegada do nosso resgate, com olhos bem abertos, não podemos nos confundir perante a montanha da nossa vida. Tudo um dia pode passar. 
Pode ser rápido, devagar... Mas realmente passa. Ainda me ponho a refletir, neste destino de viver e morrer, qual deles é nosso verdadeiro castigo? “Uma das partes pior de morrer acho que é aquela fração de segundo quando ocorre... Mamãe e papai não irão te salvar disto... 
Você fecha seus olhos, esperando ser um pesadelo, do qual você acha que mamãe vai te salvar, mas ao invés disto, você acorda nisto. Você não percebe até ser tarde demais, e o que seus pais fizeram para protegê-lo de verdade? Nossos pais leem conto de fadas para nós achando que nunca terão de explicar que não são reais. 
Achando que terão morrido antes da realidade nos atingir. Mas sangue é para sempre. 20, 30, 300 anos mais tarde... Ainda precisamos de uma mão para nos alcançar no escuro. “Seus laços com algumas pessoas o farão deixar tudo de lado, ignorar o que se tornaram. Você ficará com a versão da qual lembrar, não a de agora. Amigos, pais, mentores... Nós nos seguramos às margens idealizadas deles, mesmo que seja uma ilusão. Pois se não acreditamos neles... 
O que isso diz sobre nós? Lembrar da melhor versão de nossos amigos nos lembra que já fomos tão promissores um dia. Tão fortes e tão vivos. Impecável”.  “Gosto de pensar que somos fortes. Que somos capazes de resolver nossos problemas. Atravessar o período difícil e emergir mais confiante, mais realizado. Às vezes, são necessários foco, direção e sua própria vontade para continuar. Mas, para resolver o problema, primeiro você precisa aceitar que ele existe. 
E o obstáculo mais desafiador não é a circunstância, nem uma força externa, ou outra pessoa. É você. E no final, a maioria de nós não tem força para enfrentar essa música... De admitir que somos falhos. E então fica preso. Não pode se salvar se não sabe o perigo que está correndo”. Por isto e outros tantos motivos, saiba escolher o lobo.

CONTINUA..

Minha Melancolia




Minha melancolia é igual a uma criança que brinca no balanço do quintal. É feito folhas que aguardam lentamente o outono chegar ou até mesmo o gosto diferente de queijo com goiabada que fica na boca. 
É feita de restos de brigas, soco bem dado na parede, pele e osso e até teias que se alastram no canto da sala. Mais posso ser também como a brisa que invade as manhãs. 
Ferro, fogo, ferida fechada. Esta melancolia é feito aquele sonho que te faz sorrir quando levanta da cama, galope de um cavalo branco e o bater de asas de uma borboleta azul. Eu não seria ninguém. Ou seria alguém? Hoje sei que sinto, que vivo e respiro...Algo tão intimamente feroz! Porque sei que sou outra, do avesso e corretamente única. Esta insônia acordada dentro de mim, tão cheia aqui, me transbordando, espero um dia não obedecê-la, não sorrir para ela noites adentro. Mesmo querendo ser outra, sentir outras coisas, ainda tenho medo e acordo em seus braços nas manhãs frias do meu quarto. 
Seu colo é meu único conforto, lamentavelmente eficaz. E mesmo com minha voz melosa, este medo se exalta e me faz prisioneira, flor sem pétalas, chão sem asfalto, criança sem mãe. E nem mesmo minha alegria se manifesta, ou faz uma festa ao ambiente tosco do meu lar. 
E fico tola, olhando para o céu das minhas noites finitas, procurando um pouco do véu estrelado que me cobre, um pouco da morte que me sorri, bela e mansa. Mesmo assim sou mais feliz nesta procura de ser feliz do que me saborear nos meus pulsos fracos...Sou muito mais Eu com esta melancolia e mesmo me entorpecendo neste desamor insuportável, ainda assim sou eu aqui, esculpida nesta agonia linda e meramente doce. Estou coberta de demônios fracos e hostis, cantarolando blá blá blás em minha cabeça noite e dia, dia-a-dia. Constantemente. Um tipo de música que dói na alma. 
E com isto meus passarinhos voam todos, correm num bater de asas acelerados e frenéticos. Fico só novamente. Sem meus pássaros, canção, insônia...Insônia...Insônia. Minha melancolia decerto é louca, com um tanto de bom humor e uma pitada, bem pouca, de pavor. 
Alucinada fico, alucinada estou. E meu próprio ar me sufoca lentamente e toda hora morro devagar, sufocando em minhas próprias agonias, adormecendo nos meus próprios pesadelos. E minha vontade de gritar por ajuda, poder sair deste mundo aqui, é farta.

E mesmo com minha alegria ressentida e este sono, um sono infinito e mal, mesmo com esta solidão sofrida, deste amargo na língua, procuro nos bolsos pedaços do meu coração. Catando-me perdidamente para não deixar minha melancolia se tornar mais forte do que eu.
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