Nem sempre estou pronta
para este apocalipse de ideias, este vendaval de emoções desconsertadas, neste
mar de sangrias desatadas que afronta minha alma, este tornado que gira em
torno de mim, que me delata, me pune constantemente.
Nem sempre estou pronta
para batalhar na guerra dos sentimentos, me farpar, me cortar inteira, esbanjar
meu sangue por aí, nesta cadeia insana e corrupta, neste mundo caduco que mora
em algum, lugar aí fora de mim.
Atormentada no meu próprio credo, acorrentada
na minha própria estupidez, absurdamente descontraída, moldada como
antigamente, sem ships, sem programação. Sou eu ainda por dentro, vestida
completamente com sonhos galopantes, com vestígios apimentados, doida para
abrir os olhos e voltar pra casa. Sonhar não tem me custado nada e crer que não
posso ser perseguida ou atormentada por estes zumbis e vampiros que acoitam as
noites, e este tem sido minha sina, minha crença em sair daqui, ainda estou
viva e esta ponte pode me levar a ponte ao entardecer.
Não poderei ser tola
novamente em me atirar no abismo de contradições e medo.
Sei que já não sou a
amante preferida dos deuses ordinários deste tempo, e este duelo que travo
neste além, entre a morte e a vida, entre o passado e o presente atravessando freneticamente
em minha frente, esta batalha sem início certa já se apoderou do meu fracasso,
me despertou tempos atrás, agora sou apenas uma simples humana com chifres,
pele grossa e armas mortais.
Nem sempre sou covarde em caminhar neste chão de
mortos, há coisas mágicas em mim, que eu própria duvido e sinto que ainda tenho
um colorido que me faz invisível as sombras de sofreguidão que me perseguem
nestas noites frias e cinzas. Todas as outras vidas que vivi, todas as vidas
que conheci, estão todas deitadas neste solo de espinho e chamas e tenho de
tirar do peito todas as lembranças delas, não poderei atravessar com tantos
segredos ainda trancado em mim.
Nem sempre sou assim tão nua, tão completamente
crua. Minhas veias ainda estão recheadas de pavor, não poderei entrar no
paraíso com todo este sabor, com todo este contraste de fel, mel e enxofre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário