Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

By Sulla Mino --> ERREI




Errei. Muito eu errei. Será por isto estou aqui? Aqui onde tudo é vago e tem o gosto profundo e amargo de vazio, de talvez e incertezas, de dúvidas. Ainda é noite, sinto apenas o cheio da imensidão, da solidão em calafrios em meu corpo, neste corpo ainda cheio de curvas. Pensei que teria sido um instante mágico, ele chegou e me envolveu nos braços, seus braços suaves e macios, suas doces palavras me confortavam, eu me entreguei. Errei e foi a o começo do meu fim. Os devaneios vieram todos, quimera, ficção, eu me partia inteira, aos cacos. Amei, realmente este amor me fez sentir, sentir o que nem sabia que existia e continuei assim, mórbida. Talvez eu esteja louca, não morrendo, talvez seja irreflexão aguda ou até mesmo doidice infantil. Chove torrencialmente, não gotas geladas da chuva do inverno e sim de arrependimentos, dos meus errôneos, dos meus neurônios. O meu desacerto ainda continua, ainda é noite onde estou, aqui no terreno com alamedas ao lado. Faz frio, ainda sinto-me, uma inércia ignorante, estou nua, crua e livre. Livre? Do mundo? De mim mesma não estou, ainda ouço ruídos fartos, ritmos lentos, numa sequência indefinida e torturante. A noite não acaba dentro de mim mesma, esta cegueira cortante e finda. O amor já se apartou de mim, aquele amor, meu apego súbito profundo, o frequentador das minhas entranhas se foi. E agora resta um Eu sem mim, um âmago cheio de melancolia, e decerto abjeto. Amei, estou aqui porque muito amei e talvez, se eu não tivesse caminhado naquele beco da redondeza feito uma ralé, talvez eu ainda estivesse em mim com meu Eu intimamente. Amar, errar, verbos que me acompanharam, que embalaram esta pobre noviça, esta falsa rapariga que se abrigou de mim, e no rigor do meu tempo, fui mais ela do que eu. O sol desabrocha do lado de fora, o cantar do galo me fez despertar. E agora os pulsos doem, a corda estava bem amarrava. Procuro o novo rumo, embora os murmúrios de vozes ainda me tormenta, sigo passo por passo ao encontro do corredor, o chão está frio...Entorpeço em meio aos lírios, um êxtase abundante. Aquele amor, o amor que amei, neste momento encobre meu sangue que ainda lentamente escorre naquele maldito beco. Errei. Eu ainda estou aqui, aqui na imensidão aprendendo a morrer e ainda terei uma intensa e custosa caminhada até o céu. Ainda estou aqui, condenada a nunca mais amar. Errar? Erro? Uma fineza tosca do ser humano, amoral e o amor apenas um usurpador das nossas fraquezas.

Um comentário:

Camila Góes disse...

Quem já não errou no jogo do amor?
Bjos

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