Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Crônica por Sulla Mino ... Primeiro beijo escolar

Para me livrar das gozações dos amigos da escola e provar que poderia ter um tempo para um namoro, eu Alane, resolvi ceder aos olhares de um menino do oitavo ano. Vamos chamá-lo de Magno, acho um nome bonito. Todas às vezes, no horário da saída, lá estava Magno, olhando pra mim, ele um rapaz mais velho, todas as meninas gostavam, por ser estudante de um outro colégio, mas sempre estava por lá, ele fazia parte do time masculino de vôlei da escola, que era dele na época do ensino fundamental. Disse que gostaria de conversar em particular comigo. Não foi fácil ouvir ele dizer que queria me conhecer melhor, eu disse que sim e ele combinou de me pegar no horário da saída daquele mesmo dia. Meu coração balançou de desespero e ansiedade. Na tarde de uma terça-feira de 1989 eu fui até uma pracinha perto da escola para conversar com ele. Ele me disse muitas palavras bonitas e perguntou se eu gostaria de namorá-lo. Fiquei meio sem graça e tímida, mas no final do encontro disse “sim” e começamos naquele dia um romance, apenas deixei que ele pegasse em minha mão e me levasse até a metade do caminho para a minha casa, que ficava alguns quarteirões do colégio. No dia seguinte foi assunto com minhas amigas, elas estavam felizes por eu ter um namorado e agora eu poderia fazer parte do grupo de meninas que se reuniam atrás do colégio, umas fumavam cigarro escondidas, outras falavam de sexo e algumas sobre roupas da moda e as baladas que iam aos fins de semana. Eu não tinha o que dizer sobre este universo todo, era meu primeiro dia de namoro e não sabia de todas estas responsabilidades com os grupos dentro de um colégio. Crescer estava assustando. Todos os dias a reunião era feita atrás do colégio, eu sempre estava lá, dando gargalhadas das aventuras das minhas amigas e sempre sem novidade alguma para contar. Meu namorado, eu enchia a boca para dizer tal frase mandou um recado por amigo avisando que iria me buscar no final da aula. Pronto, não tinha para onde fugir, eu já sabia o que ele queria. Não é o que está pensando, apenas já tinha quase um mês de namoro e eu não tinha beijado-lhe a boca e ele estava cobrando, disse que seria importante para o namoro engrenar. Então no final daquela tarde, dia chuvoso, ele me acompanhou até a metade do caminho para minha casa, como de costume, e chegando na praça Largo dos Leões, seria a metade do caminho, ele segurou em minhas mãos e disse que gostava muito de mim, então levantou sua mão até minha nuca e puxou-me até sua fronte e roubou-me um beijo, um delicado beijo na bochecha. Seus olhos fechados e trêmulos, um selinho fora roubado de meus lábios logo em seguida, apenas um e fui abrindo a boca lentamente e tentando acompanhar seu ritmo delicado e apaixonado. Não há um modo em especial, uma técnica de se beijar, apenas a gente quer experimentar e sentir a sensação gostosa que todos falam, pelo menos as meninas do grupo do colégio na hora do intervalo assim comentam, que é uma forma perigosa de se enfrentar a juventude. Uma mão segurando em minha cintura e outra acariciando minha nuca parecia cena de filme, e para completar o ritual de qualquer casal que namora, aquele beijo tinha de ir mais além, foi quando senti a língua dele, eu sabia que tinha de acompanhar aquele intenso beijo, fiquei desconsertada, empurrei o rapaz e saí correndo para casa, os quarteirões se tornavam extensos, tão perto e tão longe de casa, a chuva aumentava, meu coração pulsava frenético. Credo! Foi exatamente assim meu primeiro beijo escolar e para completar, no dia seguinte tive de dar alguma satisfação pelo surto, ele só fazia rir de mim, o comentário foi grande atrás do colégio, eu era o alvo, o motivo de muitos blá blá blás. Valeu, depois de uns dias pude beijá-lo normalmente e entendi o processo incrível e natural de um simples beijo, o gosto da língua estranho, o friozinho na barriga. Namoramos muito tempo, jogamos vôlei juntos, lanchonetes, passeios nas praias e ele passou me deixar na esquina da rua que eu morava somente, meu pai jamais poderia saber. Sinto falta dos encontros com as meninas atrás do colégio, mas o beijo, este está muito bem guardado no baú das lembranças.


*Imagem Google.com


Um comentário:

Anônimo disse...

Legal! Fez-me reviver o meu primeiro beijo! Assim como a personagem, o meu primeiro beijo foi um misto de estranheza com o gosto do pecado. Quase não dormi naquela noite. Delirava só em sentir que havia colado meus lábios ao de uma garota. Hoje, por incrível que pareça, ainda conservo aquele momento. Acho que o primeiro beijo a gente nunca esquece - apesar de não se lembrar mais da fisionomia da amada.
Abraço,s
Raí

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