Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Resenha do Livro “O Homem que Calculava”

O livro “O Homem que Calculava” aventuras de um singular calculista persa é um romance infanto-juvenil do escritor brasileiro Malba Tahan (heterônimo do professor Júlio César de Mello e Souza), que narra as aventuras e proezas matemáticas do calculista persa Beremiz Samir na Bagdá do século XIII. Foi publicado pela primeira vez em 1939. Eu me deliciei na leitura, um aprendizado incrível no mundo da matemática através de parábolas e citações. Recebe o Homem que Calculava inúmeras consultas. Crendices e superstições. Unidades e figuras. O contador de histórias e o calculista.

A partir do célebre dia em que estiveram, pela primeira vez, no divã do califa, a vida deles sofreu profundas modificações. A fama de Beremiz ganhou realce excepcional. Na modesta hospedaria onde moravam, os visitantes e conhecidos não perdiam oportunidade de lisonjear com repetidas demonstrações de simpatia. Todos os dias o calculista via-se obrigado a atender a dezenas de consultas. Ora era um cobrador de impostos que precisava conhecer o número de ratls contidos em um abás e a relação entre essas unidades e o cate; aparecia, a seguir, um haquim ansioso por ouvir de Beremiz uma explicação sobre a cura de certas febres por meio de sete nós feitos numa corda; mais de uma vez o calculista foi procurado por cameleiros, ou vendedores de incenso que indagavam quantas vezes devia um homem saltar uma fogueira, para se livrar do Demônio.

Apareciam, por vezes, ao cair da noite, soldados turcos, de olhar iracundo, que desejavam aprender meios seguros de ganhar no jogo de dados. Esbarrou, muitas vezes, com mulheres - ocultas por espessos véus - que vinham, tímidas, consultar o matemático sobre os números que deviam escrever no antebraço esquerdo para obter boa sorte, alegria e riqueza! Queriam conhecer os segredos que asseguram a baraka para uma esposa feliz. A todos Beremiz Samir atendia com paciência e bondade. Esclarecia uns, dava conselhos a outros. Procurava destruir as superstições e crendices dos fracos e ignorantes, mostrando-lhes que nenhuma relação poderá existir, pela vontade de Deus, entre os números e as alegrias, tristezas e angústias do coração.

E procedia dessa forma, guiado por elevado sentimento de altruísmo, sem visar a lucro ou recompensa. Recusava sistematicamente o dinheiro que lhe ofereciam e, quando um cheique rico, a quem ensinara, insistia em pagar a consulta, Beremiz recebia a bolsa cheia de dinares, agradecia a esmola e mandava distribuir, integralmente, a quantia entre os pobres do bairro. Formulava, às vezes, sobre os acontecimentos mais banais da vida, comparações inesperadas que denotavam grande agudeza de espírito e raro talento matemático. Sabia, também, contar histórias e narrar episódios que muito ilustravam suas palestras, já de si atraentes e curiosas.

Às vezes ficava várias horas, em silêncio, num silêncio maníaco, a meditar sobre cálculos prodigiosos. Ficava sossegado, a fim de se fazer com os recursos de sua memória privilegiada, descobertas retumbantes nos misteriosos arcanos da Matemática, a ciência.



* Imagens Google

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