Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Palavras de Clarice são sempre veneno em minha veia ou mel em minha boca...Até quando?...Até quando eu quiser.



"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: - E daí? Eu adoro voar! Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre"

Clarice Lispector



Poesia por Sulla Mino...* * * ...Quanta dor!


Quanta dor!

Uma dor por dentro quando brigo com o tempo,

com a morte.

Fuzilo-me,

com uma minúscula esperança

de não mais poder voltar.

A dor é real,

o grito é normal.

Escapo da estação do frio,

do claro que aponta na montanha.

Costuro a boca,

fecho os olhos cerros,

não quero enxergar esta farsa,

este ritual medíocre.

Quanta dor!

Não é fácil não estar no paraíso,

não é fácil morrer.

Sou índia, fui cuspida pelo trovão!

Que mal tem se apaixonar?


Crônica por Sulla Mino ... Anjo


Ele está agora preso em outra dimensão, talvez em alguma dimensão colorida, preto e branco, pode ser até num tom de cinza, não sei, o que sei é que ele se foi, sem se despedir, sem palavras, sem olhar para trás.

Ele era meu amigo, meu grande amigo e sinto sua falta agora, falta da festa que fazia quando eu chegava do trabalho. Anjo era seu nome, de significado religioso, cheio de energia, sempre pronto a se lançar em alguma aventura e realmente ele era assim.

Não posso ficar tanto tempo assim me lamentando, choramingando pelos cantos da casa, Anjo já não está aqui para me confortar, me beijar lindamente como fazia. Meu corpo caminha para o trabalho todas as manhãs ainda como um cadáver vivo, vivo meus dias como zumbi perdido na grande cidade.

Ouço tambores, simples ruídos na minha madrugada estúpida e parece que meu coração vai saltar do peito e correr à lua. Disfarço o sorrido diante dos familiares, fico fora de mim e fingir tem sido minha melhor mania. Ameaço-me vagar por aí, sem pele e imperfeita, pelo menos dar uma volta no quarteirão, já aliviaria minha dor aguda. Eu seria capaz de esquecer meu próprio amante e me atirar numa saudade desmedida?

Mais um dia em frente ao espelho, tento ver minhas marcas sofridas e não consigo, Anjo me atormenta, de alguma maneira ele não quer me deixar. Apago a luz do quarto para fazer alguma diferença e a mesma coisa vejo, coisa alguma. O meu suor ainda é o sinal da saudade, escondo o drink para não almejar minha fraqueza infantil.

O abismo no final da cidade me pertence, penso nele instantes em instante, Anjo me aguarda no fundo dele. Meus momentos tinham sabor ao lado dele, o meu rebolado nos passeios pelas calçadas eram bonitos, também quero partir.

Dentro de mim, o difícil acesso em aceitar a partida, em deixar as coisas tomarem seu rumo, o percurso da vida, esse difícil degrau que me desequilibra. Penso nele todo instante e sei que com o passar do tempo vou conseguir me desprender, hoje ele é só um anjo que aprece pra mim, nos meus momentos de solidão, ele sempre será meu querubim e talvez um dia eu compreenda esta força extraordinária entre animal e ser humano.

E os doces momentos de diversão que tivemos serão bem guardados e a fotografia instantânea será muito bem lembrada. Não preciso ir, posso ficar e viver de memórias.



Foges de mim


Foges de mim,

do meu olhar febrento

a aparência de ódio em vão...

Que importa!

Afogo-me em novo pensamento,

para uma nova vida,

pra te esquecer

e próximo ficas tu,

eu já te quis deste modo,

deste jeito,

em meio à solidão que eu tinha

és muito.

Tenho-te preso em meu corpo,

sei que tiras minha morte oca

e vive-me devagar...


Por Sulla Mino...Sentimentos


A vida freia o que sinto

impondo castigos severos

em meus sentimentos perfectíveis,

eles ficam em uma estrada velha e escura,

vultuosos atravessando de

um lado para o outro

atropelando meus sonhos,

quimeras...

Queria somente um pouco de sossego,

ser atirada em um silêncio,

na morte que me aguarda

do outro lado da rua.

Estou envelhecendo,

musicando em minhas cicatrizes,

insatisfeita no meu medo intimamente.

No meu verdor, meu pecado eu criei!

Meu grande empecilho.

Por Mário Rezende...BOLHAS DE SABÃO











Muitas bolhas de sabão

eu soprei na sua direção:

uma cheia de carinho

atingiu os seus cabelos

como se fosse a minha mão.

Outra era um sorriso

carregado de alegria

para animar o seu dia.

Uma bem sugestiva

armada de sedução,

isca do meu desejo,

para chamar a sua atenção.

Outra nos seus lábios,

um beijinho bem roubado.

Desfilaram junto ao seu rosto,

meus olhos refletidos nos seus,

a esperança e suspiros,

galanteios, muitos sorrisos,

beijos, beijos, beijos doces,

coloridos e de todos os tipos,

esperando acontecer.

Mas aquela especial,

carregada de amor,

estourou em seu peito,

bem pertinho do coração.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...