Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

I Concurso Literário Prêmio tataguassu de Poesia 2010... Poesia Borrada ...14º colocada!






















Poesia Borrada

As palavras desenham
a escrita da minha alma,
minha velhice,
meus velhos rascunhos.

As letras tortas no papel
decoram o palavreado,
o vício erradeiro.

Já(z) versos modernos!

Não moram no tinteiro
o melhor português.
Na ponta da caneta
a imaginação se cria e
a memória da poesia sonhada
borra no papel marrom.





Prest
Por onde passo contagio,
na certeza de um novo dia,
como uma máquina forte trabalhando...
Restando em meu peito estradas,
aquelas não terminadas ainda,
esperando mais um dia somente...

Esta sou, marchando como um soldado,
sondando em feitio de perfume,
transformando histórias,
que um dia o povo vai contar...

Sou a razão em viver, bebendo felicidade,
um sonho, uma raça percorrendo o mundo,
constante como uma surpresa...

Torço por qualquer pequeno espaço,
fazendo parte no final do arco-íris,
achar o ouro conhecido e almejado,
sou somente cabra*, apenas Prest*.








O Sopro no Corpo

Tento aprumar o corpo
no sopro forte da noite que chega.
O avesso das palavras
me põe à frente deste momento sólido,
tento equilibrar-me,
embriagada de desespero,
não consigo...
O sopro leva o corpo para
o tornado,
já não é real e
giro, aos avessos,
de qualquer jeito,
indo em direção ao penhasco...


Flor sem amor
Não mais amo,
dizia uma Rosa,
com um sentimento dentro de si
chamado dor.
Não mais quer chorar,
muito menos se ferir com lembranças,
com fotografias que foram tiradas e
estão na parede da sala.
Sem mãos para aparar
lágrimas de um rosto que não sente,
nem lábios para recordar os beijos.
As pétalas estão se soltando,
morrendo aos poucos em instantes
em que tenta viver.
Não mais ama, por quê?
O Cravo fora arrancado do
seu lado,
agora simplesmente só uma flor
no jardim da saudade restou.



São Paulo - Brasil

Fronteira do tempo

Estamos na fronteira do tempo, em cima do muro rachado, no momento incerto, escondidos atrás de pedras, protegidos somente com os sacos de areia.
Escondemos nossas cabeças do tempo corriqueiro, vendo paisagens de flores secas e ouvindo os sussurros no ouvido de tiros agudos.
Preguiçosos, com olhos mal dormidos e a bússola quebrada no bolso.
Estamos no deserto, no meio do nada com bicicletas enferrujadas, ignorantes do mau tempo...
Cada homem com seu traje de festa, tristemente bailando no fino sabor de lutar.
Estamos na batalha sangrenta do viver, combatentes de lembranças, vingadores do esquecimento.
Estamos fazendo parte do aquecimento global.
Limpamos nossas armas pela manhã, se houvesse uma única árvore apenas, daria para sentar próximo ao seu caule e refletir sobre as coisas da vida, não somos vigilantes a este ponto.
Cada dia uma cruz se ergue no alto do morro e os que restam fardados ainda, vencidos do tempo se juntam à fronteira, na sombra dos desesperados, aos agudos sons, no rosto o silêncio da lágrima, no corpo o choro, sombra de um passado, na trincheira da vida e da morte.
Não há ficção em lutar, não é como nos filmes “hollywoodianos”, o sangue tem cheiro forte, o suor escorre rápido no corpo, o medo grita por dentro e quando a noite cai, a vontade de estar em casa aumenta, aperta a saudade em qualquer coisa.
Estamos fartos de matar inimigos famintos, de olhar o céu coberto de fumaça ao invés de estrelas, estamos cansados desta perda de tempo, deste coturno que aperta o pé.
Não queremos mais brincar de guerra!





“Mossoró pra peixe”
Comecei minha tarde de quinta-feira acreditando curtir um sol tipicamente de inverno na “terra do sal”. Meu plano era de assistir um seriado no final do dia e a noite um bom filme no meu canal predileto.
Errei como aquele erro de ficar trocando os números de jogo de Mega Sena, Mossoró estava pra peixe, eu já estava retirando do armário a vara para a pescaria. As ruas viraram verdadeiros rios, em apenas uns quarenta minutos, as águas frias tomavam conta de tudo. A bendita chuva tinha começado cair!
A chuva caía forte, trovões, trovoadas e relâmpagos eram o cenário do céu, mesmo assim, meu esposo teve de sair para pegar o menino no colégio, tive de inflar o bote e preparar o salva-vidas. Sem contar que eu fiquei no aguardo em casa, na mais repleta escuridão, chuva forte e eletricidade não combinam mesmo. Fiquei na sala, sentada no sofá como criança de castigo, olhando para o breu diante de mim, com uma simples lanterna na mão, caso precisasse ir a outro cômodo da casa, talvez ao banheiro.
Enquanto meu esposo estava ainda na rua, naquela louca tempestade de fim do dia, com o carro no pisca - alerta, na contramão, tentando passar pelas “crateras lunares” que se encontram perto de casa, em frente ao hotel mais famoso da cidade.
Meu esposo torcia por nenhum guarda de trânsito lunático segui-lo para aplicar uma multa, seria irônico mesmo, debaixo de toda aquela chuva torrencial, um guarda com salva-vidas, boiando nas águas gélidas na intenção de anotar a placa do veículo.
Enquanto meu esposo ainda tentava chegar à nossa casa, lá eu estava, escrevendo a luz de velas, aliás, com três cotocos de velas sobre a mesa da sala, eu tive de registrar minha quinta-feira estúpida, Mossoró pra peixe e cotocos de velas.
Quando eles chegaram foi um tremendo alívio pra mim. Ficamos na sala um bom pedaço, sem programa na TV, o Laptop do meu filho fazendo zoados sofisticados, a “Voz do Brasil” na rádio do celular que usávamos no “Handsfree” e no viva-voz.
Meu garoto continuou sentado próximo a mesa com seu brinquedo moderno, eu e meu esposo fazendo bichinhos com as mãos na frente das velas, fazendo refletir na parede...
A chuva cessou, a energia ainda não tinha voltado, resolvemos dar uma breve volta na rua, caminhar no shopping e como no Brasil tudo acaba em pizza...Fomos deliciar umas fatias à moda do chefe.

2 comentários:

Mario Rezende disse...

Parabéns!
As suas poesias são perfeitas.
Teu fã.

Anônimo disse...

Poesias soltam que dizem ou falam sobre o que se quer pensar. Borram porque papéis a espera da tinta sempre acabam borrados. Não porque exista desrespeito aos versos. Pelo contrário, a poesia borrada é símbolo do amor da poeta pelas linhas traçadas em desenhos sinuosos da paixão. E se, por acaso, a poesia esteja borrada devido às lágrimas que caíram, justamente, no momento do ponto final?
Beijos, minha querida Sulla!
Raí

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