Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Reflexão ...




















"O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto"


"Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?"




Fernando Pessoa

I Concurso Literário Prêmio tataguassu de Poesia 2010... Poesia Borrada ...14º colocada!






















Poesia Borrada

As palavras desenham
a escrita da minha alma,
minha velhice,
meus velhos rascunhos.

As letras tortas no papel
decoram o palavreado,
o vício erradeiro.

Já(z) versos modernos!

Não moram no tinteiro
o melhor português.
Na ponta da caneta
a imaginação se cria e
a memória da poesia sonhada
borra no papel marrom.





Prest
Por onde passo contagio,
na certeza de um novo dia,
como uma máquina forte trabalhando...
Restando em meu peito estradas,
aquelas não terminadas ainda,
esperando mais um dia somente...

Esta sou, marchando como um soldado,
sondando em feitio de perfume,
transformando histórias,
que um dia o povo vai contar...

Sou a razão em viver, bebendo felicidade,
um sonho, uma raça percorrendo o mundo,
constante como uma surpresa...

Torço por qualquer pequeno espaço,
fazendo parte no final do arco-íris,
achar o ouro conhecido e almejado,
sou somente cabra*, apenas Prest*.








O Sopro no Corpo

Tento aprumar o corpo
no sopro forte da noite que chega.
O avesso das palavras
me põe à frente deste momento sólido,
tento equilibrar-me,
embriagada de desespero,
não consigo...
O sopro leva o corpo para
o tornado,
já não é real e
giro, aos avessos,
de qualquer jeito,
indo em direção ao penhasco...


Flor sem amor
Não mais amo,
dizia uma Rosa,
com um sentimento dentro de si
chamado dor.
Não mais quer chorar,
muito menos se ferir com lembranças,
com fotografias que foram tiradas e
estão na parede da sala.
Sem mãos para aparar
lágrimas de um rosto que não sente,
nem lábios para recordar os beijos.
As pétalas estão se soltando,
morrendo aos poucos em instantes
em que tenta viver.
Não mais ama, por quê?
O Cravo fora arrancado do
seu lado,
agora simplesmente só uma flor
no jardim da saudade restou.



São Paulo - Brasil

Fronteira do tempo

Estamos na fronteira do tempo, em cima do muro rachado, no momento incerto, escondidos atrás de pedras, protegidos somente com os sacos de areia.
Escondemos nossas cabeças do tempo corriqueiro, vendo paisagens de flores secas e ouvindo os sussurros no ouvido de tiros agudos.
Preguiçosos, com olhos mal dormidos e a bússola quebrada no bolso.
Estamos no deserto, no meio do nada com bicicletas enferrujadas, ignorantes do mau tempo...
Cada homem com seu traje de festa, tristemente bailando no fino sabor de lutar.
Estamos na batalha sangrenta do viver, combatentes de lembranças, vingadores do esquecimento.
Estamos fazendo parte do aquecimento global.
Limpamos nossas armas pela manhã, se houvesse uma única árvore apenas, daria para sentar próximo ao seu caule e refletir sobre as coisas da vida, não somos vigilantes a este ponto.
Cada dia uma cruz se ergue no alto do morro e os que restam fardados ainda, vencidos do tempo se juntam à fronteira, na sombra dos desesperados, aos agudos sons, no rosto o silêncio da lágrima, no corpo o choro, sombra de um passado, na trincheira da vida e da morte.
Não há ficção em lutar, não é como nos filmes “hollywoodianos”, o sangue tem cheiro forte, o suor escorre rápido no corpo, o medo grita por dentro e quando a noite cai, a vontade de estar em casa aumenta, aperta a saudade em qualquer coisa.
Estamos fartos de matar inimigos famintos, de olhar o céu coberto de fumaça ao invés de estrelas, estamos cansados desta perda de tempo, deste coturno que aperta o pé.
Não queremos mais brincar de guerra!





“Mossoró pra peixe”
Comecei minha tarde de quinta-feira acreditando curtir um sol tipicamente de inverno na “terra do sal”. Meu plano era de assistir um seriado no final do dia e a noite um bom filme no meu canal predileto.
Errei como aquele erro de ficar trocando os números de jogo de Mega Sena, Mossoró estava pra peixe, eu já estava retirando do armário a vara para a pescaria. As ruas viraram verdadeiros rios, em apenas uns quarenta minutos, as águas frias tomavam conta de tudo. A bendita chuva tinha começado cair!
A chuva caía forte, trovões, trovoadas e relâmpagos eram o cenário do céu, mesmo assim, meu esposo teve de sair para pegar o menino no colégio, tive de inflar o bote e preparar o salva-vidas. Sem contar que eu fiquei no aguardo em casa, na mais repleta escuridão, chuva forte e eletricidade não combinam mesmo. Fiquei na sala, sentada no sofá como criança de castigo, olhando para o breu diante de mim, com uma simples lanterna na mão, caso precisasse ir a outro cômodo da casa, talvez ao banheiro.
Enquanto meu esposo estava ainda na rua, naquela louca tempestade de fim do dia, com o carro no pisca - alerta, na contramão, tentando passar pelas “crateras lunares” que se encontram perto de casa, em frente ao hotel mais famoso da cidade.
Meu esposo torcia por nenhum guarda de trânsito lunático segui-lo para aplicar uma multa, seria irônico mesmo, debaixo de toda aquela chuva torrencial, um guarda com salva-vidas, boiando nas águas gélidas na intenção de anotar a placa do veículo.
Enquanto meu esposo ainda tentava chegar à nossa casa, lá eu estava, escrevendo a luz de velas, aliás, com três cotocos de velas sobre a mesa da sala, eu tive de registrar minha quinta-feira estúpida, Mossoró pra peixe e cotocos de velas.
Quando eles chegaram foi um tremendo alívio pra mim. Ficamos na sala um bom pedaço, sem programa na TV, o Laptop do meu filho fazendo zoados sofisticados, a “Voz do Brasil” na rádio do celular que usávamos no “Handsfree” e no viva-voz.
Meu garoto continuou sentado próximo a mesa com seu brinquedo moderno, eu e meu esposo fazendo bichinhos com as mãos na frente das velas, fazendo refletir na parede...
A chuva cessou, a energia ainda não tinha voltado, resolvemos dar uma breve volta na rua, caminhar no shopping e como no Brasil tudo acaba em pizza...Fomos deliciar umas fatias à moda do chefe.

Contos que conto...Alina

Contos que conto ... Hema e o livro misterioso


Todos os dias ela caminhava na calçada em Tesne, um bairro antigo de Lisboa, com belos arbustos, casas organizadas, de modelos arquitetônicos reconstruídos em 1966 após um terremoto.

Hema, uma viúva que busca em suas leituras uma base para se manter viva e embora as lágrimas façam parte de sua vida, desejava sorrir mais uma vez, uma única vez apenas, para seu corpo acompanhar seu pensamento.

A historiadora procurava no presente, respostas sobre o passado, ela é influenciada exatamente no livro que comprou mês passado. Um exemplar que narra causos, contos estranhos sobre vida e morte, crônicas absurdas e poesias, traduzido para o mundo inteiro e era nele que ela tinha uma preocupação com a verdade, as ideias reveladas no livro tinham para Hema uma razão especial e as palavras escritas no objeto eram valiosas demais e ela conhecia muito bem cada detalhe apresentado nele, e assim, suas noites eram intensas, sua busca incansável, se encontrava diante de sua maior pesquisa e seu maior pesadelo. Mas, numa manhã de um rotineiro passeio, algo mudou o rumo da sua vida...

“Não se passa pela vida sem deixar marcas. Um objeto, uma obra, um desenho, uma canção, uma carta, uma hipótese formulada, são traços da passagem do homem”.

Para Hema o livro é simplesmente Geologia pura, algo a atraía instantaneamente, estava ligada a ele, de alguma forma. A autora do tal livro, S. Min, uma mulher que passou anos tentando publicar seus escritos, uma mulher bela e bastante enigmática. Seu primeiro livro, que é agora mundialmente famoso, de venda extraordinária, narra Contos, que meramente eram incríveis e atraentes aos olhos da pesquisadora.

Hema tinha uns documentos do seu bisavô Gerônimo, uns contos fantásticos, escritos muitos anos atrás, necessariamente 1890, contos de vida e morte, diferente dos contos de Figueiredo Pimentel da mesma época. Havia uma semelhança peculiar entre os escritos antigos do bisavô e o livro de S. Min, extraordinariamente as tantas palavras iguais, o conteúdo o mesmo, qual ligação teriam?

Os textos do bisavô não foram registrados, foram costurados em papéis grossos e antigos, Hema o comprou em um Sebo de um amigo da família, numa viagem que fez com o esposo uns anos atrás, guardou com cuidado numa gaveta em seu quarto e hoje seu amuleto mágico. Por que tamanha fascinação de Hema com os dois exemplares? Um era o futuro do outro?

Um livro pode nos levar em outros caminhos, descobrir que alguém nos ama, mesmo não estando fisicamente conosco, Hema experimentou estar bem acompanhada em Portugal, e pode sorrir. Era uma bela tarde de chuva fina, Hema estava sentada na cadeira na varanda do sobrado que alugou por uma temporada, ela contemplava os pingos da chuva que molhavam suas violetas, com o livro em uma das mãos apreciava a autora S. Min e noutra os registros empoeirados de Gerônimo, que em uma das folhas dizia “Alguém, num dia chuvoso sorrirá contemplando o céu cinza e em suas mãos os segredos serão revelados e a partir deste dia, a história continuará”.

Lisboa parece ser um bom lugar para um recomeço e descobrimos que um livro novo pode revelar marcas antigas. Hema pode acompanhar sempre o bisavô, através destes registros e entre muitos livros publicados pela autora S.Min, que morrera um tempo atrás, pobre e na loucura de uma grande metrópole.

Hema ainda vive em Tesne e é uma famosa historiadora de livros. O livro misterioso é o primeiro da sua prateleira predileta, sua biblioteca fica na rua principal do antigo bairro em Lisboa.

Um livro salvou a sua vida. Naquela manhã de passeio por Tesne, ela tinha planejado se atirar no rio e quando se preparava para subir na borda da imensa ponte que cruza a cidade, o livro caíra da sua bolsa, aberto na página do meio, com letras em negrito que diziam “não é assim que se morre”.

Por Sulla Mino...Cidade Luz

Desembarquei cedo, a viagem foi muito tranquila e agora estou no Aeroporto Charles de Gaulle, uma parada rápida para um café expresso. Parece sonho, esperei tanto por este incrível momento, confesso que choro de felicidade e todas às lágrimas valem a pena no momento, como uma prece ao meu coração.

O Hotel de Ville, este grande castelo que habita em meu peito, é nele que meus melhores sonhos se tornam reais, é nele meu melhor sono, dentro dele me sinto uma verdadeira princesa, com direito aos encantos do amor. Não perderei meu sapato. Pela manhã meu passeio pela Avenue de l'Opéra, Rive Gauche. Caminhar pelas ruas, um facínio incrível, a gente se sente florida, com a liberdade na pele.

Basílica de Sacré Cœur, Arco do Triunfo, maravilhas! Rio Sena depois da Pont Saint-Michel à esquerda e de Notre-Dame à direita da imagem. Quem é feliz? Estou agora.

Nenhuma pessoa deveria ser autorizada a dizer que já ficou apaixonada por algo ou alguém se não tiver conhecido pelo menos um pedaço no mundo. Minha cidade preferida é romance puro, primeiramente devem-se viver uns dias aqui e depois o resto da vida um lindo amor. Cidade-luz. Pausa essencial e imediata para um pequeno almoço, Quartier Latin, na margem direita do rio Sena. É lá que estudantes e intelectuais se reúnem, nos bistrôs o croissant do Café de Flore. Jean Paul Sartre era fã do lugar. Saborear e reviver histórias mentalmente faz parte da nossa história, saboreá-la com carinho e notando todos os mínimos detalhes. Meu intuito desta viagem estava se aproximando, teria de ser um encontro no momento correto, e por mais que eu já não agüentasse mais, tinha de esperar. Meu amor estava falando alto e eu já não agüentava esperar para fotografar meu sonho. Continuei meu passeio na cidade-luz, na avenida mais larga e famosa, a Champs-Elysées. Caminhava em passos lentos para o tempo não andar depressa ao meu lado, fui me tornando cada vez mais livre por dentro, parecia que meu verdadeiro mundo era ali mesmo.

“Carte Musée et Monuments”, uma espécie de passe livre para mais de 60 museus e monumentos. Louvre, o Centre George Pompidou, os museus de Picasso e Salvador Dali e as sombrias Les Catacombes, Sim, lá está o cenário de “O Código Da Vinci”, mas não é necessariamente nisso que você pensará quando estiver frente a frente com a Vênus de Milo ou a Monalisa.

A biblioteca mais visitada no Centre George Pompidou, um divertido prédio colorido. La Villette, para quem curte ciências naturais e até passeios que podem beirar o bizarro como o s Egouts é isso mesmo que o seu francês está dizendo, um passeio pelos esgotos da cidade ou Les Catacombes, as catacumbas, com direito a todos os tipos de ossos humanos. Tem quem goste. Eu gosto. E já que estamos na onda meio mórbida, uma visita ao cemitério Père Lachaise? Cemitério sim, os túmulos de celebridades como Jim Morrison, Molière, Allan Kardec, Oscar Wilde, entre outros.

Por fim, se não perder tempo procurando o corcunda, a Catedral de Notre Dame é fenomenal. Uma descida à sua cripta mostra as primeiras pedras usadas na construção da cidade, ainda na época do Império Romano. Eu já não sou eu mesma, tornei-me uma francesa no sangue. Avenue Montaigne, e de Saint Germain des Pres. De alta costura a prét-a-porter, tudo está lá ao meu bel prazer. Centro financeiro de La Défense e finalizando mais estes dias, o trem Thalys com destino para a Bélgica, Alemanha e Países Baixos e se o cansaço não durar, uma boa Ópera Garnier.

Agora chegou a hora de conhecer a “dama de ferro” parisiense, Tour Eiffel é uma torre treliça de ferro do século XIX localizada no Champ de Mars, meu sonho de consumo e agora realizado. Lá de cima da torre dos meus sonhos, pensei tocar o céu...

Sim, estou em Paris!



Créditos da Imagem: desenhosparaimprimir.blogs.sapo.pt/17821.html

Por Sulla Mino ... Rebeldes

Os rebeldes fogem dos

homens vestidos com lençóis brancos,

pulsam as pernas pela estrada adentro,

na demência e na covardia.

Ferozmente, com suas sombras,

batalham fuga, concretizam massacres,

chicoteiam as costas do amor.

Esquecem a vigília do dia,

correm na noite, medrosos para não

verem o ventre do dia,

o materno sol da manhã.

Rebeldes!

Criaturas medíocres e malucas,

monstros que açoitam a espécie humana.

Fogem! Inocentes do sabor

doce que é a vida.

Museu do Índio no RJ




Museu do Índio - órgão científico-cultural da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, foi criado por Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, em 1953.

Única instituição oficial no Brasil exclusivamente dedicada às culturas indígenas, tem como objetivo divulgar uma imagem correta, atualizada e desprovida de preconceitos dessas sociedades junto a públicos diversos, despertando, dessa forma, o interesse pela causa indígena.

Em 1978, mudou-se de um casarão, no bairro do Maracanã, para um prédio do século XIX, construído por João Rodrigues Teixeira, empresário da indústria alimentícia do Rio de Janeiro, localizado em Botafogo. O espaço, construído pelo empresário para residência de sua família, foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), e o estilo arquitetônico de sua construção é representativa do período de urbanização do bairro.




Seu rico acervo, relativo à maior parte das sociedades indígenas contemporâneas, é constítuido de 14 mil peças etnográficas; 16 mil publicações nacionais e estrangeiras especializadas em etnologia e outras áreas relacionadas na Biblioteca Marechal Rondon; 50 mil imagens em diversos meios, sendo três mil fotografias já digitalizadas e armazenadas em CD-ROMs; cerca de 200 filmes, vídeos e gravações de som; bem como 500 mil documentos de texto com valor histórico sobre vários grupos indígenas e sobre a política indigenista do Brasil do final do século XIX até os dias de hoje.

Em 11 salas do prédio principal, o Museu do Índio organiza mostras temporárias de peças e fotos, usando o acervo guardado em suas reservas técnicas. Nos jardins da instituição, há cinco ambientações: uma casa e roça guarani, cozinha e casa xinguanas além de troncos do ritual xinguano Kuarup.

Por Mário Rezende...Muito Feliz












Eu fui
atraído pelos seus beijos perfumados;
aliciado pelos seus beijos sensuais;
acariciado pelos seus beijos delicados;
explorado pelos seus beijos cupidinosos;
excitado pelos seus beijos libidinosos;
embriagado pelos seus beijos insaciáveis;
devorado pelos seus beijos gulosos;
e me entreguei por inteiro, extasiado,
e acabei
devassado, invadido, bambo,
submisso e muito, muito feliz,
pelo desejo saciado.


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