Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Feira do Livro de Mossoró...Estarei lá dia 06 de Agosto às 19H no Oi Café Literário...





















O que antes era uma idéia, hoje é um projeto concretizado e em plena evolução, pois a Feira do Livro de Mossoró conseguiu alcançar seus principais objetivos: aproximar pessoas e livros, incentivar o hábito da leitura de maneira divertida e espontânea e estimular a escrita e a produção literária em todo o Estado.

feira do Livro saiba mais

Por Sulla Mino...Memórias... Parte I

Alguns anos atrás, tentei explicar à minha filha toda angústia que se passava meu coração. Tive receio dela não entender e me abandonar, como aqueles velhos jogados na rua, sem direção, sem eira.

Meu coração mesmo batendo fracas, minhas pernas trêmulas, as dores nas minhas juntas, o meu medo de cair, mesmo assim, bem devagar caminhei até a sala, minha filha sorriu e veio ao meu encontro, eu tão sã tão certa da conversa, queria dizer da minha vontade de chorar, eu queria um pouco de prosa, esta é minha súbita memória declarativa.

E me joguei nos braços dela, era um conforto inabalável e neste momento veio em mim uma sensação gostosa e sabia que ela não era mais criança, não era um bebê pedindo colo e sim uma bela mulher de 35 anos, esta foi minha doce memória imediata.

Ficamos sentadas no sofá apreciando o programa que estava passando na TV e não consegui dizer absolutamente nada do que pretendia em pouco tempo antes, o programa era bom, me fez sorrir, me fez esquecer da nostalgia, do sentimento de solidão que abala em mim. Ainda nem sei direito se era solidão ou culpa, já não recordo.

- Está tudo bem mamãe?

Aquela melodiosa voz toma o ar, minha filha desejava saber se eu estava bem, desejava de mim uma resposta rápida e precisa, uma resposta a altura e eu sem entender direito, respondi que tinha gostado de usar aquele vestido rosa no domingo passado.

E ela continuou:

- Que vestido mamãe?

Aquela doce voz que entranhava em mim, que me envolvia, que me torturava...

Eu respondi:

- A igreja estava vazia na missa passada.

Este é o período de consolidação, minha memória de curto prazo, se inocente estou ainda não sei, tenho certeza que estou ficando idosa, sei que vou perder meu dedo de prosa.

Sei que ela ficou triste pelas respostas insignificativas, não sei se a ponho nos braços para ninar ou tento me explicar da conversa sem fundamento, nem lembro porque fiz.

No dia seguinte pela manhã, minha filha entrou no meu quarto, eu estava lendo um livro, estava estudando inglês, sempre quis saber deste idioma fantástico e nunca tive tempo, hoje tenho tempo livre e tudo está muito claro em minha cabeça. Ela achou estranho, não brigou comigo, nem me proibiu e eu pude ficar meses assim.

Esta memória de longo prazo, me sacrificou, edificou ou mudou algo em minha vida? Não sei.

Ainda tenho medo de falar que não me sinto bem, que me sinto diferente, é como se eu estivesse afastando de mim, eu mesma, não me reconhecendo, minha filha acha que estou ficando louca, mesmo assim, no sábado pedi que ela me levasse à pracinha para andar de bicicleta, esta é minha memória de procedimento, já que não tive coragem de conversar, resolvi pedalar, expulsar de mim as sensações ruins, me sentir um pouco livre, um tanto infantil.

Se minhas memórias explícitas, implícitas, de longo ou curto prazo falham o que sou?

O que serei?



CONTINUA...

Por Enton das neves... Deus Selvagem I O Adeus de Sylvia

A loucura tem um tato frio, seu toque congela a alma em seu âmago. As vozes não param de pronunciar palavras em meu ouvido, elas contam segredos antigos, elas falam de amores desvalidos, elas falam de coisas sem sentido.

O buraco abre-se no teto, de dentro dele sai um deus profano, selvagem, que começa a me devorar vivo. Ele sempre esteve perto de mim, assistiu o dia do meu parto. Carrega chagas nas palmas de suas mãos, ele sacia sua sede com a água liquefeita da minha alma humana.

Não sei dizer-te ao certo o que é real ou ficção, não consigo diferenciar a sombras dos meus amigos, dos vultos dos meus companheiros imaginários.

A paranóia agora é minha intima amiga, em cada esquina esta um inimigo a me perseguir, o inferno com seus demônios são meus agozes atormentadores.

Seria o fio cortante da navalha também uma mera ilusão?Seria o gosto incandescente do ácido descendo garganta adentro, uma mera visão?A dor cruciante sentida neste mundo seria o despertar para a lúcida razão?

A boca do forno esta aberta, as crianças dormem em seu quarto, a porta delas esta vendada, o gás não passará por ela, deixei leite nos copos, e pães fatiados sobre a bandeja, que comam a vontade assim que acordarem. Minha cabeça dentro do forno, o gás venenoso agora é este deus selvagem, que insiste comer-me vivo, saciando-se de minha carne, e matando a sua sede, bebendo da minha alma divinamente esquizofrênica.

Aqui tudo é divinamente lúcido, aqui tudo é divinamente real, aqui tudo na verdade não passa de uma doce loucura, aqui tudo não passa de um bonito sonho, de um despertar para uma manhã sem igual.

Sylvia, Sylvia, respiro este gás com você, Sylvia, Sylvia me leve agora com você.



O ANJO DAS LETRAS.

Prosa em tributo a Sylvia Plath.

Por Ronaldo Monte...Os Mistérios do Mundo


Vinha dirigindo meio distraído quando bati de frente com a faixa exibida sobre o muro da casa de esquina: “Colocamos mega-hair no nó italiano e na queratina com hora marcada”. Minha pobre capacidade hermenêutica sentiu-se desafiada por aquele enigma suburbano.

Pondo em prática o método desconstrutivo, comecei por separar o texto em pedaços conhecidos e desconhecidos. Meus parcos conhecimentos de inglês permitiram deduzir que o termo mega-hair devia se referir a uma cabeleira farta, daquelas dos rastafaris ou das louras adventícias.

Hora marcada, por sua vez, não deveria designar nada de novo além daquele velho procedimento há muito erradicado dos consultórios médicos. Restaram apenas, portanto, o nó italiano e a queratina.

Houve um tempo em que os italianos eram desbravadores de mares, tal como Colombo e Vespuci. Quem sabe o tal nó italiano era alguma espécie de nó de marinheiro? Quanto à queratina, o dicionário não ajuda muito. Remete a ceratina, que vem a ser “uma proteína fibrosa e pouco hidrossolúvel, comum na epiderme, constituinte principal do cabelo, unhas, pêlos, tecidos córneos... etc.”

De quase nada adiantou recorrer às mulheres da casa, pois são pouco dadas a salões de beleza, contentando-se com um ritual semanal de manicure ali mesmo no terraço. Aproveitei um desses momentos para me livrar definitivamente do meu analfabetismo capilar. Mira, a moça das tesouras e alicates, não soube dizer muito bem do que se tratava. Nem mesmo um telefonema para o próprio salão de beleza esclareceu muita coisa. Soubemos apenas que a coisa era cara. Cento e cinqüenta reais apenas o nó italiano e duzentos com a aplicação da queratina. O preço dos cabelos a ser implantados não estava incluído.

Saí do terraço chateado. O enigma continuava praticamente intacto. Entrei no escritório, liguei o computador e acessei o google. Foi só escrever “megahair nó italiano queratina”, e pronto. Todo o mistério do mundo estava resolvido em poucos segundos. Não vale nem a pena contar o que é. Quem quiser que vá lá ver.

Visite seus blogs:

blog-do-rona.blogspot.com

memoriadofogo.blogspot.com


Por Sulla Mino...



















" No mar estava escrita uma cidade"

Foto Sulla. Junho/09

Por Airton Cilon ... Impressão Digital


Sem prumo,
sem pressa,
improviso no verso
o universo romântico,
incomum ao ser usual.
Singular impressão,
Impressão digital.











Airton é artista plástico, sócio da POEMA.

Coordena e apresenta o programa "Vespertal Cultural", na rádio 96,5 - Alternativa FM ( Mossoró )

Lançamento "Ensaio Poético"...Ângela Rodrigues




Eu fui ao Lançamento deste belo livro de Ângela Rodrigues no West Shopping, livraria Siciliano em Mossoró, me deliciei nas palavras desta poetisa, conheci seus amigos queridos e não pude ficar de fora em recitar.




























...Mas não sou Pessoa, Clarice, Neruda,
Drummond, Bandeira ou Cecília,
Que nos fazem viajar em seus mundos
Rir quando queremos chorar
E às vezes chorar de tanta alegria...

Versos Perdidos ( Página 15 )

" Como quem se despe mentalmente
E sem nenhuma pressa,
Se deixa guiar pela imaginação,
Vou escrevendo, dando vida a imaginação."

Parabéns Ângela pelo belo trabalho, temos sorte em ter você!!!!



Bjks,
Sulla Mino
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...