Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Contos que conto por Sulla Mino ... A Cerimônia na Mansão Feast




A Cerimônia na Mansão Feast


Keila é uma jovem corretora, ambiciosa e com seu talento consegue sempre vender lindas casas e belos apartamentos.

Keila estava em seu carro, já na estrada, indo à mansão Feast, apresentar esta bela residência ao Sr. Kevin, um homem bem sucedido, com uma aparência um tanto suspeita, este desejava sair do centro da cidade para uma moradia mais tranqüila, apesar do trajeto ser mais longo até o centro, Sr. Kevin estava disposto a fazê-lo todos os dias e que precisava de um lindo jardim, para uma festa anual de sua família.

Apesar de ouvir todos os mitos sobre esta mansão, de ser assombrada, de ser estranha... Keila não quis saber de bobagens, queria mesmo fechar seu mês com chave de ouro, nem se importando com sumiços de várias corretoras a esta mansão, pra ela tudo isto é besteira, não existe nada que prove, pra Keila, as outras simplesmente desistiram da profissão.

Chega na mansão começa a abrir as janelas e por umas coisas aqui outras ali em ordem para Sr. Kevin se agradar, os móveis são antigos e estão empoeirados, os cortinados um pouco fora de prumo e a escada para os quartos fazia uns rangidos, nada que não dê um jeito, a madeira é velha, só é trocar que fica tudo certo...

São três da tarde, Keila senta no sofá para aguardar o cliente, está cansada da viagem, acaricia seu próprio cabelo, como sua mãe fazia quando ela era criança...

Um som estranho vinha lá do quintal...

Tum!...Tum!...Tum!...

Keila levanta e vai até a janela dar uma olhadela e não vê nada, o som continua e então nossa corretora vai até a porta dos fundos, que dá para o jardim na parte debaixo da casa, caminha em direção ao chafariz e o som fica mais alto, ela vai mais à frente, protegendo o rosto, retirando galhos e ramados do caminho e quando chega no final deste trajeto sombrio e nada hostil se depara com homens com penas nas pernas, com os braços e tórax pintados de branco, uns traços, umas linhas, envolta dos olhos pintado de preto e nos lábios um tom forte de vermelho...

Os homens faziam batuques e falavam palavras estranhas e um velho de mais ou menos 98 anos, também fantasiado, se aproxima de Keila convidando-a a sentar na poltrona que está ao lado do chafariz, assustada e com medo Keila corre, volta pelo caminho estreito, cheio de galhos e ramos e não adiantou...

Os homens alcançaram Keila e levaram para a poltrona, que estava enfeitada com flores e laços cor-de-rosa, é a sena do ritual...

E quando começou o batuque, num passe de mágica Keila estava com um vestido colorido, jóia, penas nas pernas, uma coroa com brilhantes, seus braços pintados com linhas e traços brancos, sua boca num tom vermelho escuro e em volta de seus olhos pintados de preto também.
Os homens faziam batuques e dançavam envolta das poltronas de Keila e do Velho enrugado...
Começa a cerimônia de casamento...

Eles aguardavam há muito tempo por Keila, a prometida, a guardiã da Mansão Feast...
Eles escolhiam anualmente uma bela jovem para casa-se com o mestre, assim eles permaneciam na Mansão e voltavam à forma normal.

- Sta Keila? Sta Keila?

A voz foi ficando mais alta...

- Sta Keila! Sta Keila!

Keila desperta de um sono...

- Desculpe Sr. Kevin, acabei cochilando enquanto o esperava.

- sem problemas, acrescentou o cliente, mostre-me a casa, haverá neste fim de semana uma grande cerimônia...

- Que tipo de cerimônia? Perguntou Keila.

O Sr. Kevin leva Keila até a janela e mostra-lhe o jardim,

-Veja, vai ser ali, perto do chafariz o casamento do meu avô.

Keila dá um suspiro de alivio...E uma pequena risada...

- O que foi Sta Keila?

- Me desculpe, é que eu tive a impressão...

Antes de a jovem terminar de falar, as portas e janelas da mansão se fecham, eles ficam ali parados na escuridão...E neste momento desce as escadas um velho enrugado, com uma vela na mão e fantasiado como no sonho de Keila, dizendo:

- Meu neto Kevin, desta vez você escolheu muito bem...

* Narração: Sulla Mino Designer: Neto Silva
Quadro: Contos Fantásticos do Programa "Entre no Clima"- TCM ( Mossoró- RN )

Por Sulla Mino ... Enterra a vida,












Enterra a vida,

O bravio navio no mar,

duas ameaças,

fragrantes do tempo,

lamentos de vidas,

lembro um passeio...

Por Sulla Mino ... Eu te amava!













Eu te amava,

como as flores, o vento, o dia,

como a linda primavera, o frio do inverno,

o quente verão,

como nunca amei alguém antes...

Eu te amava tirando sua roupa molhada,

olhando as curvas do seu corpo,

ouvindo a sua voz...

Aquelas palavras em meu ouvido,

como eu te amava naquele pequeno quarto...

Como o rio e as enchentes,

planta e sua semente,

em iras e fantasias,

palhaço do circo, astro do dia...

Eu te amava como a melhor notícia,

um prato de comida,

um som de um piano, harpa, vitrola ou cuíca,

letra, música e poesia...

Eu te amava e não sabia.



imagem de Sulla Mino e Cmte Pimentel no Aerofest - Mossoró

Sulla Mino em : Contos que conto...OS NOIVOS





Suzana e César são vizinhos e grandes amigos, Suzana tem apenas 8 anos e César 10 anos.

Fazem um pacto de se casarem na igreja, ela com um belo vestido branco, com alguns brilhantes e um buquê de rosas vermelhas e ele com um cravo na lapela e bastante gel no cabelo. Cortaram os dedos indicadores e chuparam o sangue que escorria. Depois deste pacto feito, voltaram para o quintal e retornaram para a brincadeira.

Mal dava nove horas da manhã, César já estava na porta de Suzana, com sua possante bike, chamando-a para passearem perto do lago, César queria fazer uma surpresa a sua noiva.

Chegando ao lago, o menino apaixonado presenteou a amada com um anel, embora fosse de morango e a argola de plástico, Suzana adorou a surpresa, colocou o anel de noivado no dedo e claro, não resistiu ao cheiro delicioso do presente e se pos a comê-lo...

Os anos passam, os noivos apaixonados crescem...

Suzana uma jovem professora do jardim, dedicada ao trabalho e uma filha exemplar, César um mecânico magnífico, aprendera a profissão na época em que fora dispensado do quartel pelo excesso de contingente.

Agora já crescidos e mais ainda apaixonados, resolvem por em prático o sonho de meninos.

Começa então todos os preparativos para o casamento...

As famílias dividiram as tarefas, os convites foram entregues um a um, pessoalmente.

Suzana não agüentava mais de tanta ansiedade, seu sonho estava perto de se concretizar, receberia um anel de verdade...

A festa estava sendo preparada na beira do lago, é o lugar que eles mais gostam, o altar perto da “árvore da felicidade”, onde tem o nome dos pombinhos gravado e um coração em volta, algumas palavras miúdas que dizem: “Nem a morte nos separa”.

Falta somente uma semana para o casório... César sai para trabalhar no horário habitual e quando está parado no sinal vermelho, vê uma senhora sendo assaltada por um moleque, sem pensar em conseqüências, César sai do carro e corre atrás do moleque malvado, eles corriam pela via, desviavam das pessoas que passavam, corriam, corriam, até que César consegue alcançar o gatuno, puxa a bolsa da senhora da mão do menino e neste momento recebe uma facada, lentamente cai no chão...E seu olhar era somente no menino que se pos a correr novamente, perdendo-o de vista...

César ficou ali, imóvel...E um amontoado de pessoas em sua volta...Um rapaz da loja em frente segurava o corpo do corajoso jovem e tentava não deixar o sangue cair...César fechou os olhos e seu pensamento era na “árvore da felicidade” e de Suzana toda de branco sorrindo...E César neste momento estava morrendo...Morrendo...

Suzana não suportou esta notícia e pela manhã, colocou seu vestido de casamento, ajeitou bem o buquê nas mãos e se atirou no lago...

Uma semana depois...

Os familiares estão saindo da igreja, todos tristes, a mãe de Suzana chorando...A mãe de César chorando...Acabou de ocorrer a missa do sétimo dia da morte dos noivos...

O céu neste momento está em festa, todos se levantam e a noiva caminha em direção ao altar, próximo ao lago, todo em flores, um belo tapete vermelho, Suzana com seu vestido branco e um buquê vermelho, ela sorria...E César com bastante gel no cabelo e um cravo na lapela, segurou na mão da noiva e beijou-a na testa e disse ao seu ouvido: - Bem vinda, esta é a nossa “árvore da felicidade” e nem a morte nos separa”.

O casamento está acontecendo...Os anjos cantam e ao invés de doce, Suzana ganha um anel de verdade...

Por Sulla Mino ... ENLACES












Enlaces perfeitos,

disparos no coração,

emoção violenta,

destino...

no ar somos livres,

alados,

perfeitos,

etéreos...

Por Sulla Mino ... SOU ASSIM















Sou ronda de uma vida inteira,

contratempo do tempo,

insônia, desespero da noite...

Sou cadáver de um passado

torturante e cruel...

Sou o amor que não se acha na guerra,

vida que não existe para viver,

palavras feias que machucam,

pedra no meio de um jardim,

sou vento no deserto à procura de alguém,

banco de espera em um hospital,

cabine de polícia no pé de um morro qualquer,

sou assim,

bebida amarga e vinho envelhecido,

guimba de cigarro no cinzeiro de um viciado...

Pareço com o amanhecer de uma menina

virgem, pré-vestibular, sei lá o quê...

O bem e o mal,

sou brecha na janela do vizinho,

fogo e espinho,

sou assim...

Por Sulla Mino ... Um Poeta no Hospital




























A carne sem brilho algum,

jogado na escuridão,

no poço de algum momento qualquer.

Caminhar nas mágoas

já não é mais destino,

nem contratempo de palavras haverá.

O traje já não é moda,

o gosto já não tem sabor,

a ferida está cicatrizando.

A morte faz companhia,

os cabelos brancos,

as rugas de um tempo passado.

O enterro acontece sem flores,

sem cadáver.

Escuta-se ao longe um trecho do Pai Nosso...

A carne aqui sem brilho algum,

na vertigem, na loucura,

no desequilíbrio humano.

Quem chora agora?

Neste mundo parecem todos vivos.







CONTOS QUE CONTO, Por Sulla Mino... ARTUR E SUA COVARDIA.




Dr. Orlando recebe a visita mais uma vez de Helena e Artur em seu consultório. Casados a uns dois anos e meio, queriam ter um filho e por isto Helena fazia tratamento regularmente.

Helena se submetia a vários exames e toma uma medicação rigorosa, só que de um tempo para cá, começa a se sentir cansada, manchas pelo corpo, fraca, enjôos constantes, dores na cabeça... Dr. Orlando a encaminhou para um amigo de profissão para novos exames, ele está preocupado com a saúde de Helena, e estes sintomas levam a crer que ela esteja com algum tipo de câncer.

Artur não quer acreditar que sua esposa está doente, já imagina mil loucuras na cabeça, indo a hospitais fora da cidade e tudo mais. Resolve tirar férias no trabalho e levar a esposa para um passeio à casa de praia, bem longe da cidade, fugir de tudo isto já era o bastante.

Helena não se sente bem, mesmo assim não desiste do passeio, esquecer um pouco toda esta história já está bom pra ela.
Chegando na praia, toma logo seu remédio para dores e cai na rede posta na varanda e desaba no sono. Artur somente aprecia sua amada e na sua cabeça imagens de soros e remédios, o sonho de ter um filho indo embora e a esposa se despedindo do mundo...Já está ficando louco com esta história, sem paciência alguma para esperar os resultados dos exames que saem daqui uns quinze dias.

Resolve escrever uma bela carta a sua família, contando o que sente e o que não quer sentir.

“Pai, mãe, queridos irmãos, estou sofrendo por ver minha mulher envelhecer no sofrimento de remédios, retardar nosso amor nestas idas e vindas do hospital, estou morrendo aos poucos, sem esperança alguma de ter um herdeiro e já não faço gosto da minha vida. Helena aguarda os exames e eu não quero estar aqui para saber... Amo todos vocês, quero poder seguir um pouco mais, mais além com a pessoa que tanto amo ao meu lado, tolo e covarde, do meu jeito...”.

Já era noite, dava pra se ouvir os sininhos da varanda, as ondas da praia e o balançar dos coqueiros...

Na cidade, quinze dias já passados, a mãe de Helena recebe o resultado do exame e para a surpresa não havia doença alguma, somente uma reação alérgica devido à medicação, uma anemia e um BETAHCG...Positivo.
D. Isaura corre ao encontro da filha para contar a novidade...

Subindo os degraus da casa e chegando a bela varanda, com o envelope na mão, Isaura desmaia subitamente ao ver Artur caído no chão com uma arma na mão e a filha na rede com sangue na roupa escorrendo pelo chão ainda da covardia do marido...

POR SULLA MINO ... Divagação



Minh’alma,

meu abismo amigo,

escuridão,

paisagem bela do pensamento,

dor,

que envolve feito perfume barato,

se profunda sou,

um alguém somente,

na solidão muda.

A melancolia marca cada passo

para a morte,

faço oferta dia-a-dia para

não ir tão cedo,

existe uma despedida ainda,

um último fingimento.

Trancar-me-ei junto às labaredas

de mentiras,

assim estarei pronta,

meu corpo efêmero

e minha asa crescida.

Por Sulla Mino ... Naquele Caminho












Meus poucos pedaços vagavam naquele caminho,

longo, indefinido e incompleto pela vida,

não detalhado, não construído ainda.

Eu caminhava por entre delírios e medos,

meu corpo não queria viver,

eu queria desistir...

Eu estava diante do mais profundo abismo,

jamais pensei que existia.

Eu já caminhava séculos e séculos,

só um amor traria meu viver novamente,

eu sentia a dor de estar só,

algo que nunca quis fazer, cair...

Eu queria mesmo era mergulhar,

rolar como um galho seco,

encostar minha cabeça em teu peito,

pôr-me na tua cama de volta...

Imaginava um beijo na nuca

me derrubando,

levando-me à falência,

se a vida tivesse insistido não teria me jogado...

O silêncio escondeu a saudade que chorava,

eu era somente um diário trancado

caindo no abismo do amor.

Visitante Mário Rezende...Haikai XX




Mirando Vênus



Amarrado por amor



Deus Éros ficou




mariorecanto@yahoo.com.br

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