Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Por Sulla Mino ...Contos que conto...Caminhoneiro Pereira

Cmte Pereira, carinhosamente assim chamado pelos amigos, já estava nesta labuta de andanças pelo mundo afora a mais de vinte e cinco anos, já não aguentava mais dormir no banco de seu velho caminhão nos postos de gasolina, de transitar em Brs escuras e esburacadas e caminhos longíquos de barro. Já não aguentava mais levantar e comer poeira.

Estava em Natal, abastecendo seu velho companheiro e verificando sua carga para ser entregue na Paraíba. Poderia depois desta entrega, ficar pelo menos uns três dias com sua família em João Pessoa. Folga merecida, depois de oito meses fora de casa.

 Lá vai Cmte Pereira...Já saindo do posto de abastecimento, em frente ao retorno para pegar a Br, Pereira resolve colocar suas músicas preferidas, enquanto Pereira se volta para o rádio, colocando toda a sua atenção à procura da bendita frequência , uma senhora para a frente do caminhão, fazendo sinal para que ele a notasse, quase morreu de susto nosso Cmte neste momento, uma senhora ali parada à sua frente, de traje branco, com um lenço na cabeça, parecia mais uma assombração.

 E Pereira ficou ali, pasmo olhando a senhora...Esta se aproxima da porta do caminhão e pergunta:

- O senhor poderia gentilmente me seder uma carona à Bayeux?

Pereira meio sem palavras, ainda assustado com tamanho susto, conseguiu gaguejando responder:

- Senhora...                             

- Por favor gentil cavalheiro, tenho de ir à Bayeux pegar umas coisas pessoais e retornar amanhã.

Nosso Cmte viu que não se tratava de um fantasma e conseguiu mais aliviado responder a pobre velha:

- Claro! Poderei levá-la, a senhora terá de pegar carona com outra pessoa para voltar, depois desta minha entrega, estarei de folga, Bendito Deus!

- Sem problemas homem. Obrigada. A pobre velha repondeu já adentrando no lado do carona...

E assim, o caminhoneiro Pereira segue o rumo, com uma carona meio estranha, um tanto sinistra  ao seu lado...

Pereira se pos a pensar “ Uma senhora num posto a espera de uma carona”, que vida estranha...

- É verdade...Concluía a dona...Eu estava a muito tempo a espera de alguém que fosse para Paraíba, avisei uns bombeiros que estavam por lá, e quando eles me alertaram que você estava indo para o mesmo destino que o meu, não hesitei em correr em direção ao seu caminhão...

E mais uma vez nosso caminhoneiro estava um tanto surpreso e meio abismado ....com a quele cafiote ao seu lado...Como ela sabia o que ele pensava naquele momento?

E assim...Horas adentro...       

Chegaram em Bayeux, uma chuva forte caía...

Pereira levava seu velho companheiro a uma ruelas, procurando naquela negridão do dia, a casa de Dona Zefa , Zefinha como ela pronunciava a viagem inteira...

- Ali! Aquela bem alí é minha casa, a velha avisava com a voz num tom de profunda alegria.

 Nosso Cmte a deixa na  esquina do beco e a senhora desce do caminhão, dá uma olhada ao seu mais novo amigo e diz: - Adorei seu bigode, obrigada pela carona e se pos a andar debaixo daquela chuva em direção à sua casa... 

 No dia seguinte pela manhã, Pereira recebe um tefonema e este era para que ele voltasse à Natal, teria de fazer mais uma viagem antes da folga merecida. Então teve a idéia de voltar à casa daquela senhora e oferecer a carona de volta, como ela muito desejava, já que ela foi muito gentil noite passada. Acho que Pereira já estava com uma certa pena da velha.

  Chegando na esquina da casa de Dona Zefa, Pereira deixou o caminhão e seguiu em direção a uma velha casa, quando bateu na porta, um jovem rapaz atendeu e perguntou-lhe:

  - O que deseja senhor? Hoje eu não quero comprar Bíblia.

- Não caro rapaz, dizia o Cmte, eu não vendo Bíblias, eu vim falar com a  Dona que mora nesta casa. Ontem dei-lhe uma carona de Natal para cá e hoje quero sua companhia de retorno, poderia chamá-la?

O rapaz  imediatamente respondeu:

- Aqui não mora nenhuma Dona, somente eu e minha querida esposa Sílvia.

Silvia chegou perto da porta, um pouco assustada e perguntou:

- Como era esta Dona?

Cmte Pereira olhando para dentro da sala, notou em cima de uma mesinha um porta-retrato...

- Posso ver aquela fotografia minha jovem?

A esposa do rapaz entrega-lhe  o porta-retrato com uma fotografia antiga de Dona Zefa, uma pose que ela tinha feito quando completou 72 anos de idade.

 - Cmte ressaltado...É muito parecida com ela, a senhora para quem dei carona ontem.

- Impossível senhor! Esta é a minha sogra que morreu tem mais ou menos uns 12 anos.




Dedico este Conto ao meu amigo Cmte Pereira - Natal RN, pela sua fantástica narração,quando foi contado por ele,esta bela história em plena Pizzaria em Mossoró,diz ele que aconteceu uns anos atrás com um amigo dele, não contive minha emoção e resolvi colocar em prática, com minhas próprias palavras...

Um comentário:

Anônimo disse...

essa mina é show!!
amiga de muitos anos, e aqui mostra seu lado poético!!
parabéns pelas palavras sabias digitadas aqui!!
bjs no coração e sucesso sempre pra vc!!
abs do amigo de hoje e sempre; Bharé Dj.

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