Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Contos que conto por Sulla Mino ... Ritual de Espera: Dona Fulana Parte II



...Docemente a jovenzinha perguntava:

- Você é a vovô?

A menina ainda no colo de Suza exclamava esta pergunta...Com lágrimas nos olhos, Suza não sabia o que responder...Querida sua avó está no hospital e em breve você conhecerá...Agora vai brincar que tenho de conversar com seu pai, Suza disse à menina num tom calmo, sem fazê-la perceber sua angústia.

O rapaz levantou-se da escada que estava sentado, caminhou em direção a Suza e perguntou:

- O que aconteceu com minha mãe?

Pois é Lúcio, Dona Fulana esperou por você vinte anos, durante este tempo sua mãe fez questão de preparar todos os dias um ritual...

Na varanda, com um vinil gasto e uma vitrola desconsertada, ouvia sem cessar a canção preferida, a valsa do reencontro, nem a chuva fazia desistir da espera...

O destino, às vezes, é cruel...

Hoje, Fulana está no hospital, não só a cabeça machucada, mais com o coração ferido...

Literalmente...

Ela precisará de um transplante, se acordar...Por sinal sua filha é linda, ela adoraria conhecer...Foram estas as palavras que Suza, a vizinha e amiga de Fulana conseguiu dizer.

Lúcio não sabia o que responder, apenas chorava...

Meses depois...

O inverno já caía no telhado, Dona Fulana acordou...Não disseram sobre o filho, nem sobre a neta, ela está fraca, não suportaria uma emoção.
Então, para o conforto de sua alma, Lúcio resolveu doar seu coração à mãe e acabar com aquele tormento cruel, trazer aquele corpo esquecido à vida.

Lúcio se submeteu a uma morte rápida e sem culpa...

Lúcio já não tinha amor à vida, depois da morte de sua esposa, ele já não trabalhava direito, não cuidava direito da filha, não dormia e nem comia certo, praticamente estava morto em vida. Foi um alívio...

Não comunicar o doador a Dona Fulana, este foi seu pedido.

Dois meses depois...Dona Fulana sai do hospital e volta para casa, na companhia de sua neta, ela coloca o vinil, na valsa número três...As duas ficam ali no balanço da cadeira na varanda, ouvindo a valsa do reencontro...

A vizinha Suza se pos a ler para elas um mero bilhete:

“Quando vocês estiverem ouvindo este vinil velho e gasto, estarei tão perto, que sentirão meu respirar, no balanço das árvores, nas folhas caídas no chão, estarei tão dentro de vocês, como uma valsa, como um reencontro, como um coração, estarei aí, pulsando, pulsando...”

Dona Fulana com sua mão trêmula pega o bilhete das mãos de Suza e lentamente leva ao peito, uma lágrima cai dos olhos vagarosamente e ela se inclina na sua cadeira enquanto sua neta acaricia seu cabelo...




FIM



Conto: Sulla Mino
Apresentação no Programa "Entre no Clima" no quadro Contos Fantásticos Canal 10 TCM- TV Cabo de Mossoró - RN

Aviso: O Vídeo deste Conto o Canal ainda não entregou, será postado assim que possível.
O Designer Neto Silva não mais fará a Ilustração! Caro leitor tenha paciência que já estou providenciando um outro profissional.


Sulla Mino

Por Sulla Mino ... Nua



Vestida com o traje cru

Para enganar a morte,

Nua,

Nua,

Nua.

Por Sulla Mino ...Durmo











Não quero acordar,

me deixe aqui!

Ponha um cobertor em meu corpo,

apague a luz.

Só quero alguns minutos,

me proporcionar um pouco de vida,

sei que estou morrendo aos poucos...

Quero correr da felicidade e

ela de mim.

No meu corpo não ficaram as marcas,

no rosto o vermelhidão do tapa,

ficou a vergonha,

nem arnica ou plástica

apagarão,

dou mais uma volta na chave

da porta,

viver não me faz bem,

quero fingir que durmo.



Por Sulla Mino ... Vôo Virtual


Virtualmente nossos


pensamentos




se juntam...




Como um belo vôo em um


Planador,



na paisagem, no simulador



do amor.





Por Sulla Mino ... Tédio























Vou culpada...

Abandonada...

Viciada de letras e

com a dor do amor...

A vida vai me perder,

quero morrer, quero morrer!

Bebo vinho e

um gole de pecado,

profana me despir,

sacrifício.

Uma overdose

de tédio,

onde estou?





Haikai por...Poeta Mário Rezende















A verdade é

Dita como se fosse

Grande mentira


mariorecanto@yahoo.com.br

Por Sulla Mino ... Covarde tristeza




















Não sente tristeza,

é o que pensa o meu coração.

Desabafar?

Para quem?

Nem lágrimas, nenhum choro...

A solidão já foi embora,

grito no silêncio agora.

Estou diante do mundo

e isto dói,

este vazio sem querer,

este julgamento fútil e covarde.

Estou presa no meu próprio tempo,

um destino vil.

Silêncio...não desejei ter,

Covarde!

Tristeza...

Por Sulla Mino ... Feliz de mim


















Quando a morte me levar,

feliz de mim que tive teu gozo.

Vou com teu cheiro em meu corpo,

com o teu sabor em minha boca...

Dormirei com teus mistérios na eternidade,

com teus segredos,

sofredora e vencedora do amor,

eu vou deliciosa e mansa...

Tristes aqueles meus dias de insônia,

meu crime foi ter escrito aquelas palavras,

por quê?

Cedo ou tarde eu iria mesmo morrer.

Por Sulla Mino ... Uma Noite Apenas
















Foi bom!

O lençol branco amassado na cama,

as duas taças vazias sobre a mesa,

dois corpos nus caídos no meio da sala,

enganaram o mundo lá fora...

As marcas de prazer no corpo,

o suor ainda escorrendo nas costas,

já amanheceu?

Quero mais beijos,

mais carícias,

fervor,

vamos voltar para o quarto,

quero mais sexo,

mais amor.

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