Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)



Por sulla Mino ... Contos que conto ... CARMELITA

Carmelita de sessenta e cinco anos era uma senhora com um vigor de uma de trinta, entediada com o marido, com o crochê, resolveu se inscrever numa academia de dança no mesmo bairro em que morava, no interior de Minas Gerais.

Gildoaldo de sessenta e sete anos, aposentado, adorava a vidinha que levava ao lado de sua esposa e claro, não dispensava um jogo de damas na praça com os amigos e nas quartas-feiras filme na tv, eles levavam petiscos e sempre alguma bebida...

Carmelita pegava muito no pé de Gildoaldo, era ranzinza, reclamava de tudo que ele fazia, pior que sempre foi assim, desde o tempo em que namoravam.

Sexta-feira... Dia de passar o batom vermelho, o vestido de seda e o belo salto, aquele perfume doce e rouge para disfarçar a palidez, quando saía na rua chamava atenção de todos, as pessoas no bairro a chamavam de “velha assanhada”, ela deixava o marido em casa sozinho e saía daquele jeito bem extravasada.

Quando chegava na academia, muito empolgada com a aula de bolero, ela gostava muito. Era uma aluna aplicada, mais o que realmente ela visava era o professor Fernando, um belo moço de trinta anos, era atencioso e apreciava o jeito de Carmelita, pelo empenho e dedicação. Carmelita sempre sorridente e assanhada, não perdia uma aula sequer.

Quando voltada pra casa, chegava já reclamando com Gildoaldo, com o barulho da tv ligada, dos pés na mesinha e do cheiro de pipoca que vinha da cozinha.

- Boa noite Carmelita! Precisava de um batom tão forte para uma aula de dança?

- Não to para brincadeiras Gildo...Respondia irada da vida.

Na verdade, Carmelita não entendia porque o marido aceitava suas grosserias, esse casamento chato, agora que passados da idade, não tinha mais jeito, “até que a morte os separe”.

Carmelita sentia saudades da juventude, queria mesmo era fazer tudo o que não pode, se submeter a uma aventura, algum deslize, alguma besteira antes de morrer.

Não tiveram filhos, Carmelita não suportava a idéia de ter de trocar fraldas, tomar conta de crianças, ter de ficar presa dentro de casa...Gildoaldo aceitou por amar demais.

Um belo dia, Carmelita chamou seu professor de dança para aula particular em casa, Fernando aceitou, queria juntar uns trocados para comprar uma moto, ficaria fácil se locomover de uma academia para outra. No dia, claro, o velho batom vermelho, o belo vestido de seda, por baixo um espartilho preto, lá ia Carmelita aprontar alguma...Resolveu dizer ao professor da sua paixão e depois de uns passos daqui outros dali, jogou o rapaz no sofá e se abaixou no sentido de beijar-lhe...Chega Gildoaldo e vendo aquela cena, desmaia lentamente...

Acorda no hospital, fora do perigo de morte, recebe visita da esposa.

O médico anuncia seu estado, que precisaria de companhia intensas, cuidados especiais, uma cadeira de rodas e fraldas descartáveis, o derrame deixou seqüelas...

Carmelita se pos a chorar...
Teria agora de cuidar de uma criança que nunca quis, não mais usar seu batom vermelho e sua roupa decotada, antes de morrer seria esta sua aventura, o que teria de se submeter.

Sulla Mino


Abracei os Cordéis no Centro de Convenções e Cultura "ESTAÇÃO CIÊNCIAS" em João Pessoa...Que prazer!


Faça-se novo...


















Eis uma linda mensagem que recebi da Sol Firmino.



Lamento informar mas 2009 será igual a 2008.
Haverá enchentes, secas, acidentes, atentados.
Haverá Oscar, Prêmio Nobel, Fórmula 1, Brasileirão.
Tem gente que vai nascer e tem gente que vai morrer.
Tem gente que vai casar e tem gente que vai separar.
Tem gente que vai perder o emprego e tem gente que vai começar um trabalho novo.
Tem gente que vai sarar de doenças e tem gente que vai ter problemas de saúde.
Haverá uma loira em sua vida (Ôpa! Ora se vai).
Você terá uma oportunidade de viagem.
Você terá uma notícia inesperada.
Haverá novas eleições mas os políticos serão os mesmos.
Haverá guerra e paz, frio e calor, caos e ordem, yin e yang, como sempre foi e sempre será.
A boa notícia é que, mesmo que o mundo não mude, VOCÊ pode mudar.
Só você pode mudar e passar por todas essas coisas que fazem parte da vida com mais sabedoria e dignidade.
Não desejo a você um ano novo com tudo de bom, porque isso é irreal.
Desejo que você tenha CORAGEM (= coração que age) para fazer mais por você mesmo e criar um VOCÊ NOVO.
Faça-se novo


Sulla Mino

Por Elton das Neves ... Ela mora perto de um vulcão

I

A cidade agora está fria, e a minha alma se sente tão sozinha, hoje a grande metrópole está vestida de uma fina neblina.  A garoa retilínea cai sobre a minha cabeça desprotegida, e o meu coração como sempre continua sendo o meu guia.

II

Na principal avenida mesmo em um dia assim, há a sempre corriqueira e agitada correria, as pessoas passam uma pelas outras tais quais velozes moscas.  Rostos que se encontram em um rápido vislumbre, almas que se desencontram em um péssimo costume.

III

A quietude toma conta do meu espírito, e o ar frio que me é soprado é por mim bem vindo.  As crianças soltas nas ruas correm imundas zunindo como vespas, reviram a lata de lixo atrás de sobras daquilo que lhe foi negado, mas é seu de direito. A solidão ás vezes me incomoda, ás vezes me conforta, viver só é como procurar o beijo prometido, que nunca lhe é dado, mas dia á dia por você é procurado.

IV

Será que alguém realmente vive sozinho, feito um objeto deixado no canto, e por todos esquecido?Viver invisível é doloroso, mas infelizmente é algo possível, e para o solitário é algo agressivo.  O teu beijo ainda arde em minha boca, como se ela tivesse sido beijada por uma brasa viva, como se a língua que á tocou fosse feita de lava vulcânica.  A tua sombra ao meu lado ainda caminha,ela insiste em me fazer companhia.

V

As minhas cicatrizes eu não ás tenho no corpo, mas em meu espírito humano, você ás conhece todas, elas estão longe de serem dádivas divinas, mas me foram necessárias. Assim como foi necessário te amar sem parar, ainda que com o perigo eu tivesse que flertar.  O amor é um mimo que não pode ser comprado e em um embrulho de papel de presente á alguém dado, o amor é um sentimento puro e romântico que tem de ser dia á dia conquistado.  Você agora não é mais minha vizinha, para a tristeza do meu coração, pois te mudaste para morar perto de um vulcão.

 

“Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite”.

Clarice Lispector

 

“A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais”.

Arthur Schopenhauer


Eltondasneves.anjodasletras@hotmail.com

Por Sulla Mino ... Profundamente e Acróstico Especial "Olinda Pneus" para Neuzinho










Acróstico: Olinda Pneus








Ouvia-se o barulho na fechadura e o
levantar das portas de ferro, a brecha de sol
invadia a frente da loja.


Liquidação era o tema na parte de vendas,
o promocional do dia era o de aro 16,
próprio para pick ups, o estoque começa a funcionar...

Inovar a manhã, organizar a fila de autos já
postos na entrada, ligar os pcs e começar
atender os telefones que não param de tocar.

Na revenda, o orçamento sendo passado para o
primeiro cliente do dia e enquanto no ar, o cheiro
de café que vinha da lanchonete.

Dedilhando em números e contas o financeiro
estava e o som de impressão das máquinas
tomava conta da sala ao lado.


Assim mais um dia amanhece, o operacional
coloca suas luvas e protetores, começa mais
um dia de vai e vem, termina e começa.

Peças e acessórios sendo entregues, recibos
sendo assinados, som agudo de ferramentas,
a loja como uma passarela, tudo em um único
acústico...

Neuzo chega para conferir tudo de perto,
o administrativo toma o seu posto, tudo no compasso,
mantendo o mesmo ritmo em Patos e Caicó.

E os ultrajados de Olinda, suam a camisa para
a satisfação do cliente, para o serviço garantido,
estes que empenham dia-a-dia perfeitas tarefas.


Unidos e únicos, mesmo os que já passaram serão
lembrados nesta construção da vida, perante árduos
dias, diante de manhãs e tardes, entre peças e pneus...

São os “Olinda Pneus” em mais um dia de trabalho,
mais um percurso dado... O sol na frente da loja
está se pondo, agora só amanhã.













Amar docemente.

Quem sabe toda gente

devesse amar assim?

Quem disser que não ama,

mente.

Quero estar no meio do mundo,

no meio de muita gente e

quem sabe,

no meio dessa gente,

alguém ame profundamente também.

Por Ronaldo Monte ...Pequenina

Ele tomou teu corpo, Pequenina, e usou como alcova de todos os vícios. Ele te seduziu com o engodo da beleza e da juventude, mas não estava só. Trouxe com ele os homens velhos que se serviram de ti sem dó da tua pequenez, do teu desvalimento. Ele era apenas mais um daqueles que há muito tempo te cobrem de sangue e de luto.

Por duas vezes o mandaste embora, Pequenina. Mas ele sempre deu um jeito de ficar. E a raiva do desprezo fez com que viesse à tona o que restava oculto no porão dos vícios.

Teu pequeno corpo minguou mais ainda à sanha dos maus-tratos. Outros tentaram obrigá-lo a ir embora. Mas ele os convenceu de que ainda eras sua posse. E quando já pensavas em descansar e curar tuas feridas, uma nova carga de ódio se abateu sobre ti, pela ousadia de te pensares livre.
E teu corpo pequenino, exausto e arfante, espera indefeso o pontapé que te quebre a última costela.

Ronaldo Monte
Clube do Conto da Paraíba, 29.11.2008

Imagem obtida em: http://www.parceria.nl/

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Por Fátima Feitosa...Se eu...






















Se eu tivesse o poder
De fechar a cortina do tempo
Congelar o pensamento
Seguir a partir deste momento.



Se eu movesse o mundo
Te encontraria num segundo
Além de te guardar no coração
Derramaria em você minha emoção.



Se eu fosse dona do tempo
Todo o meu a ti dedicaria
E em amor os nossos dias
Amanheceriam em alegrias.


Mas não sou nem dona de mim
Vivo os dias a mim permitidos
Acalentando minha paixão
Você minha doce canção.





http://bellavid_1@hotmail.com/

Por Mário Rezende...Haikai
















E a lua vem,
cuidar concupiscente
dos namorados


mariorecanto@yahoo.com.br

Por Sulla Mino...Viver por você












Sinto

marcas de saudades em meu corpo,

em ardor de alma faminta,

a noite não é capaz de chorar agora

e o vazio mais uma vez vai embora.

Me ofereceu teu lábio sério,

por isto vou amando vorazmente teu beijo,

Não oculte meu modo de amar!

Prolongas meu sorriso na madrugada,

meus minutos de gemidos...

Transforma-lo-ia em um amante,

dançaria ao teu redor de novo,

recitaria encostada em teu peito.

ofereci meu palco de loucuras

e você aceitou,

eternamente amarei assim,

não desesperancei.

Por Mário Rezende...Versos Rimados












Quando a saudade bate no peito
o tique-taque se apressa de um jeito...
Só a esperança é o meu alento
de te ouvir na voz do vento,
de ganhar o abraço apertado
do que estou, cheio de angústia, afastado;
de voltar a receber teu beijo amoroso
que me faz assim tão saudoso,
de ter de volta o teu carinho, enfim,
cuja falta me faz sofrer assim.
E o pensamento voa,
fica vagando à toa,
à noite, no balanço da escuna,
te encontro, minha estrela, linda...


mariorecanto@yahoo.com.br


Por Sulla Mino ...Contos que conto...Caminhoneiro Pereira

Cmte Pereira, carinhosamente assim chamado pelos amigos, já estava nesta labuta de andanças pelo mundo afora a mais de vinte e cinco anos, já não aguentava mais dormir no banco de seu velho caminhão nos postos de gasolina, de transitar em Brs escuras e esburacadas e caminhos longíquos de barro. Já não aguentava mais levantar e comer poeira.

Estava em Natal, abastecendo seu velho companheiro e verificando sua carga para ser entregue na Paraíba. Poderia depois desta entrega, ficar pelo menos uns três dias com sua família em João Pessoa. Folga merecida, depois de oito meses fora de casa.

 Lá vai Cmte Pereira...Já saindo do posto de abastecimento, em frente ao retorno para pegar a Br, Pereira resolve colocar suas músicas preferidas, enquanto Pereira se volta para o rádio, colocando toda a sua atenção à procura da bendita frequência , uma senhora para a frente do caminhão, fazendo sinal para que ele a notasse, quase morreu de susto nosso Cmte neste momento, uma senhora ali parada à sua frente, de traje branco, com um lenço na cabeça, parecia mais uma assombração.

 E Pereira ficou ali, pasmo olhando a senhora...Esta se aproxima da porta do caminhão e pergunta:

- O senhor poderia gentilmente me seder uma carona à Bayeux?

Pereira meio sem palavras, ainda assustado com tamanho susto, conseguiu gaguejando responder:

- Senhora...                             

- Por favor gentil cavalheiro, tenho de ir à Bayeux pegar umas coisas pessoais e retornar amanhã.

Nosso Cmte viu que não se tratava de um fantasma e conseguiu mais aliviado responder a pobre velha:

- Claro! Poderei levá-la, a senhora terá de pegar carona com outra pessoa para voltar, depois desta minha entrega, estarei de folga, Bendito Deus!

- Sem problemas homem. Obrigada. A pobre velha repondeu já adentrando no lado do carona...

E assim, o caminhoneiro Pereira segue o rumo, com uma carona meio estranha, um tanto sinistra  ao seu lado...

Pereira se pos a pensar “ Uma senhora num posto a espera de uma carona”, que vida estranha...

- É verdade...Concluía a dona...Eu estava a muito tempo a espera de alguém que fosse para Paraíba, avisei uns bombeiros que estavam por lá, e quando eles me alertaram que você estava indo para o mesmo destino que o meu, não hesitei em correr em direção ao seu caminhão...

E mais uma vez nosso caminhoneiro estava um tanto surpreso e meio abismado ....com a quele cafiote ao seu lado...Como ela sabia o que ele pensava naquele momento?

E assim...Horas adentro...       

Chegaram em Bayeux, uma chuva forte caía...

Pereira levava seu velho companheiro a uma ruelas, procurando naquela negridão do dia, a casa de Dona Zefa , Zefinha como ela pronunciava a viagem inteira...

- Ali! Aquela bem alí é minha casa, a velha avisava com a voz num tom de profunda alegria.

 Nosso Cmte a deixa na  esquina do beco e a senhora desce do caminhão, dá uma olhada ao seu mais novo amigo e diz: - Adorei seu bigode, obrigada pela carona e se pos a andar debaixo daquela chuva em direção à sua casa... 

 No dia seguinte pela manhã, Pereira recebe um tefonema e este era para que ele voltasse à Natal, teria de fazer mais uma viagem antes da folga merecida. Então teve a idéia de voltar à casa daquela senhora e oferecer a carona de volta, como ela muito desejava, já que ela foi muito gentil noite passada. Acho que Pereira já estava com uma certa pena da velha.

  Chegando na esquina da casa de Dona Zefa, Pereira deixou o caminhão e seguiu em direção a uma velha casa, quando bateu na porta, um jovem rapaz atendeu e perguntou-lhe:

  - O que deseja senhor? Hoje eu não quero comprar Bíblia.

- Não caro rapaz, dizia o Cmte, eu não vendo Bíblias, eu vim falar com a  Dona que mora nesta casa. Ontem dei-lhe uma carona de Natal para cá e hoje quero sua companhia de retorno, poderia chamá-la?

O rapaz  imediatamente respondeu:

- Aqui não mora nenhuma Dona, somente eu e minha querida esposa Sílvia.

Silvia chegou perto da porta, um pouco assustada e perguntou:

- Como era esta Dona?

Cmte Pereira olhando para dentro da sala, notou em cima de uma mesinha um porta-retrato...

- Posso ver aquela fotografia minha jovem?

A esposa do rapaz entrega-lhe  o porta-retrato com uma fotografia antiga de Dona Zefa, uma pose que ela tinha feito quando completou 72 anos de idade.

 - Cmte ressaltado...É muito parecida com ela, a senhora para quem dei carona ontem.

- Impossível senhor! Esta é a minha sogra que morreu tem mais ou menos uns 12 anos.




Dedico este Conto ao meu amigo Cmte Pereira - Natal RN, pela sua fantástica narração,quando foi contado por ele,esta bela história em plena Pizzaria em Mossoró,diz ele que aconteceu uns anos atrás com um amigo dele, não contive minha emoção e resolvi colocar em prática, com minhas próprias palavras...

Por Sulla Mino ...

























O avesso das coisas incertas
me faz mutante...
E moldo meu corpo,
mais uma tentativa.

Por Sulla Mino ... Metade da Laranja









A laranja está

partida sobre a mesa,

alguns gomos soltos no prato,

uma parte pra minha visita,

outra minha...

O sumo é igual,

a metade igual...

Apreciamos até o gosto meio azedo,

saboreamos como as uvas e as

pêras,

qualquer outra delícia do pomar...

Por Sulla Mino ... Acróstico



















Sulcos, idéias mortas...

Não sou poeta das melhores palavras

ou de um nome de sucesso,

apenas tenho insônia,

como qualquer insano deste tempo,

tenho argumentos, minhas palavras...

Não sou viajante e de eras modernas,

nem conheci tempos rústicos,

muito menos dialoguei com estranhos.

Um disfarce irônico meu, é vestir uma bata negra...

Sou participante desta cretina pátria e

como migalhas quando deixam cair,

não me sento na mesa dos intelectuais,

sou apenas uma amiga distante.

Lavo a alma todo dia pela manhã,

sou discreta e intrusa, à noite choro,

igual criança com medo do bicho papão,

tenho fome, tenho sede.

Laço colorido envolve meu pescoço,

não sei se sou daqui e se um dia voltarei,

a morte me sonda faz tempo, por isto

troco a máscara todos os dias,

perambulo feito zumbi e falo como um

político novato.

Assim, fui jogada no tempo maduro,

sou criança, apenas uma criança.

Por Mário Rezende ... Haikai






















Aos amantes a fama
pelas marcas de sexo
deixadas na alcova
no corpo e na alma.



Por Mário Rezende ... Poema




















Não sei se é lá que ela mora
ou se estava  por acaso,
só pra enfeitar.
Foi numa tarde de céu bastante azul,
em que o sol fazia tudo que era polido reluzir
que eu tive o prazer de ver,
sob a sombra de uma acácia florida
como cachos de luz,
em frente a um edifício chamado Yasmin,
na Voluntários da Pátria,
alguém que fez Botafogo sorrir
e o meu olhar  muito feliz.
Aquela garota de cabelos dourados
e rosto tão belo me encantou
e eu me perguntei
se o paraíso era naquele lugar.


Contos que conto por Sulla Mino ... Maria e José

Maria e José tinham ido passear no clube na parte serrana da cidade, maravilhados com a beleza do lugar, resolveram sair para uma caminhada. Quando se aprontavam, ainda na varanda do hotel, aparece uma fotógrafa de uma revista, até então conhecida do casal, aceitaram posar para uma fotografia e após se despediram e quando já saíam para o passeio, a jovem volta com uma kanga na mão avisando que tinham esquecido e envolve a kanga no pescoço de José, insinuando uma atração física, Maria vendo aquela sena estúpida, fica indignada como pode uma profissional tratar um cliente daquele jeito, chama José, pedindo que fossem logo para a caminhada e a tal mulher se despede de José dando-lhe um beijo carinhoso no rosto.

Maria não se contendo com aquilo começa a dizer poucas e boas para a jovem, que era aquilo uma falta de respeito e tudo mais e a jovem dizia que só estava fazendo como tinha visto na tv, Maria continuava dizendo que aquilo não se fazia com marido de ninguém, que ela estava errada, enquanto a jovem continuava dizendo que Maria era louca e ciumenta.

Começou a juntar pessoas em volta daquela situação, as duas já estavam discutindo e as pessoas em volta não falavam nada, Maria falava em voz alta para aquelas pessoas, a grande maioria mulheres, “como vocês aceitam isso? Vocês são solitárias e sofrem porque ficam caladas, vêem este tipo de coisa e não reagem”.

As pessoas continuavam olhando para Maria e achando estranho, não sabiam o porque desta reação, já que todos sabiam do romance de José com Karina.

Nesta confusão toda de bate boca, José se aproxima de Karina, ficam ali juntos e se beijam e permanecem ali parados e abraçados, sorrindo e olhando para Maria, apreciando todo aquele discurso. Foi o fim, Maria olhava pasma para os dois, não sabia se chorava, xingava José ou voava em cima da estranha para umas boas tapas.

Acabou o passeio, a bela caminhada, o mundo estava caindo naquele momento sobre Maria, envergonhada, sai às pressas e volta para o hotel, arruma suas coisas, pega seu carro e o melhor a fazer era voltar para casa, nervosa, chorando muito ainda, pega a estrada assim mesmo, descontrolada no volante não percebe um carro a sua frente e sofre um acidente...

Quatro dias depois, Maria acorda, estava ainda no hospital e fora de perigo, recebera sangue e todo o cuidado possível. Ainda estava sensível e não lembrava direito o que tinha acontecido, de Karina ela lembrava, ainda podia se lembrar daquele tipo de mulher que qualquer homem sairia e se colocou a chorar.

Duas horas da tarde, hora da visita, Karina entra no quarto já perguntando se estava tudo bem, Maria ainda não sabia o que fazer, como reagir àquela situação, Karina só quis dizer algumas palavras: - Maria eu doei o sangue para você, nesta região não tinha o seu tipo, não quero que me odeie por isto e saiu...

Quando Maria voltou para casa, tratou de se separar logo de José, não tinha mais o porque daquele casamento, José concordou e ainda disse a Maria que esta não foi à primeira vez, que sempre foi infiel e não sabia por que fazia isto com ela, que na verdade, ela foi a que sempre ele amou...

Depois de muito tempo, Maria já recuperada de todo aquele tormento, estava levando sua vida normal, saía com as amigas para festas, dançava e se divertia como fazia quando era bem mais jovem, tinha resolvido mudar todo seu estilo de vida...

Em uma dessas noitadas, Maria é assediada por uma outra jovem dentro de uma boate, não pensou muito e com umas já na idéia, aceitou o convite, não dava muito para se perceber o tipo de pessoa num lugar desses, jogo de luz, música alta...

Sei que Maria se divertiu pra valer, como estava mais pra lá do que pra cá, fora levada pra casa...

Quando acorda e se dá conta do que tinha feito, de uma simples dona de casa, na noite anterior estava como o diabo gostava...Entendeu porque José gostava muito de sair com os amigos...

Olha para seu lado e lá estava Karina sua acompanhante da festa ainda dormindo...

Por sulla Mino ... Volúpia















Os segredos estão todos aqui,

estão dentro de mim,

confidências,

revelações escuras,

um passado torto,

estão dentro de mim.

Quando a noite se for,

pularei a janela,

sem vergonha de o dia me ver,

em instantes sem sonhar,

sem tropeçar em meu próprio cadáver,

sem fugir, sem me esconder da

minha sombra,

sem engolir mentiras, eu vou...

Disfarçando angústias,

bailando sobre o tempo, sem pressa.

Deixarei os segredos pelo caminho,

como trilha para alguém me encontrar

e depois de atravessar os obstáculos desta

vida,

estarei lá,

virgem de palavras,

pronta para recomeçar.

Por sulla Mino ... Pensamento, manso momento.















Meu momento, tão decepcionante,

nem piso no próximo degrau

nem me jogo no penhasco.

Às vezes estátua, sem cor,

vulgar narrando trechos,

recordando vícios e saudades.

Meu caminho, mero momento,

trotear em farpas, corajosa,

em meio ao céu escuro do dia.

Suspirar alguns segundos,

lembrar poemas e palavras quebradas,

um alguém escondido, uma música ao fundo.

Que droga de momento cruel!

decidir ir em frente, o que temo?

O céu não me espera.

Por Ronaldp Monte ... Naufrágio

Helena põe os pés no leito da rua sabendo o que está deixando para trás. A casa onde nasceu, o porto de onde nunca saiu, engelha-se às suas costas, projeto de ruínas. A rua é o mar por onde navega a nau do seu corpo. Todas as cartas de navegação sobre a mesa, todos os mares abertos e nenhuma rota traçada.
Em plena travessia, o que se pensou nave forte, embarcação segura, dá-se conta de sua fragilidade. Não fora feita para tanto mar. São muitas e fortes as ondas que se erguem no ermo da noite. Estaria melhor singrando em frota, em aventuras de certas descobertas. Mas é uma nau solitária que corta o mar escuro que se abre para canto nenhum.
Desde as águas escuras que a expulsaram do ventre da mãe, pelas águas mansas e calorosas do interior da casa que lhe levou a mãe, até as águas caudalosas do amor que revolveu seu leito, Helena pilotou com maestria o leme do seu barco. Agora o leme foge-lhe das mãos.
A frágil nave deriva. Não sabe de portos, não lembra de cais. A última onda levou-lhe o sextante. O último aderno partiu-lhe o astrolábio. O último vento espalhou suas cartas. Assim é o reino das grandes viagens. Sem normas, sem rotas, sem planos. Só quem sobrevive à tormenta conhece o que existe no outro lado do mar.
Esta nau à deriva na noite, carente de terra firme, a mulher à deriva na rua, ansiosa por um ponto de chegada, aportam finalmente na calçada. Nau e náufraga já não vagam. A nave encalha numa praia sem cais, onde a quilha arranha-se nas rochas. A mulher fixa um ponto de partida para longe destas franjas.


Ilustração recolhida em fotos.sapo.pt/pereiralopes

 

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Por Sulla Mino ... Um corpo














Para que tantos pecados e fantasias se

não tenho seu corpo ao meu lado?

Melhor seria te inventar,

teria mais instantes,

mais que uma noite ou tarde,

um pouco de aventura,

loucura,

versos,

avessos,

poesia...

Um pouco de vinho ao invés de leite

ou água,

noite e dia.

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